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domingo, 29 de maio de 2011

Olha, que alegria! meu primeiro livro infantil ... nasceu!!!

Eis a capa!


 Denominado A COSTUREIRA E O CLOWN, com ilustrações de Camilo Irineu Quartarollo, Ed  Equilíbrio, Piracicaba, o Conto infantil espera agradar a todas as idades. É pertinente a crianças em idade escolar; porém agradável, lúdico e educativo também às menores e aos maiores...
A quarta capa!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Aula de TAI CHI CHUAN

Boas demais as aulas de Tai Chi Chuan, com o Professor Francisco Nunes de Moraes Jr! Todas as segundas, das 17h às 18h30, no Espaço Áquila, Rua XV de novembro, 1816, Piracicaba. Fone 9141 1648.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

SÃO PEDRO EM TEMPOS DE APAGÃO - SALVEM OS VAGA-LUMES

             Esquete Teatral elaborada pelo aluno Gledson Fernando Ferreira da Rocha, em parceria comigo, encenada há 10 anos, na Escola Estadual Dr Jorge Coury. Muito nos alegrou o empenho destes alunos, aos quais, presto minha homenagem ao relembrar de tamanha façanha, em que atuei na direção, juntamente com Felipe Menezes. Difícil tem sido, cada vez mais, organizar um grupo de teatro escolar. Deixo um forte abraço ao Gledson, grande garoto, não o vejo há um bom tempo. Alguns desses alunos fazem teatro atualmente em São Paulo. A elas e eles, muito obrigada!

 
Um casal de pescadores está pescando quando aparece São Pedro carregando um grande molho com grandes chaves, descera a Terra para verificar esta história de  racionamento, e para para conversar com o pescador.
São Pedro- Olá, tudo bom?
Homem- Boa tarde, tudo bem...
S P – Você já ouviu falar de racionamento?
Homem- Ah, sim. O relacionamento com a muié aqui vai bem.
SP- Não... eu estou  falando de racionamento!!
Homem- Como assim?
SP- O apagão, rapaz, todos já estão sabendo.
Homem-Como todo mundo, eu não .
SP- Então vou lhe explicar...
H – Ei, espera um momento, minha muié vai gostá dessa história, por que toda noite antes de deitá, ela me pede: «amor, apaga a luz»?.
Mulher- Amor, ce ta´ contando  da nossa vida pra ele?Quem é ele?
H- Não, muié, não é nada disso, ele ta falando de emergia elétrica.
M- Home, vem cá , ocê num sabe que nóis usa é lampião, e, ferro a carvão?
H- Hui, é memo, discurpe seu moço, mai nói ta´  ino...
SP- Olhem, vai faltar água e peixe logo, logo, aproveitem...
M – Farta não, moço. ( saem)
SP- É, já vi que aqui não deu nada... vou partir para outro lugar. ( SP  encontra com um ladrão vestido de terno e gravata e gorrinho, sujo, fumando...)
SP – Ei você, como vai?
Ladrão- Que é que tu qué, cara? Vai me prendê?
SP – ( imitando-o) “péra aí mano”, eu só quero  conversar.
L- Então fala logo!
SP- Por acaso o “sangue bom” aqui já ouviu falar de apagão?
L- É claro mano, já apaguei vários ... qué morrê?
(SP levanta o braço, faz um sinal , e o ladrão se põe a correr).
SP- Hoje em dia ta difícil conversar com alguém.
(SP encontra com Elvis Presley, com uma guitarrinha...)
Elvis- São Pedro, me ajude, estou sem energia!
SP- O que você quer que eu faça?
Elvis- Não sei, mas é ruim ficar sem energia.
SP – Ah! Mas se está sem energia, então tome um Redbull.
Elvis- Mas isso funciona?
SP – Eu que vou saber? mandando você tomar, ara!
Elvis- Obrigado, o senhor foi muito gentil.  (SP sai; Elvis dança e canta).
Elvis- Andaram gastando demais/ nada de investimento/ a população aumentou/ aí veio o racionamento/ privatizaram o Brasil/ foi coisa pra inglês vê/ não houve melhoria! quem se ferrou foi você...( Elvis sai. Entra São Pedro  e encontra um casal lavando a calçada com mangueira- ela com a  mangueira, ele com a vassoura. Entra o filho- moleque de 8 anos- correndo com um balde na mão, puxa a mangueira da mãe.)
Moleque- Parem, parem! Eu vi na televisão da escola que não é mais pra usar mangueira...
Mãe - Ah?! Deixa disso menino!
Pai- Para filho!
Filho - É, a minha turminha vai fazer uma passeata contra o uso das mangueiras e dos chuveiros...( o garoto corre puxando a mangueira).
Pai - Hi, lá vem mais desempregados na indústria de  mangueiras...(saem)
(Entram 3 jornalistas- 2 mulheres e 1 homem, e uma câmera mulher tentando cobrir os 3 repórteres).
Repórter 1 – Esta é uma edição a menos, direto do Jornal Apagado.
Rep.2- O animal homem não tem conseguido cuidar muito bem da outra espécie animal e as consequências, vejam vocês, são recíprocas e irreversíveis: Olhem, olhem este jovem, por exemplo: ele bebeu todo o leite da vaca louca e ficou assim destrambelhado (entra um contra – regra, trazendo o jovem com chilique, e saem em seguida).
Rep. 3- (entrevista alguém da plateia)- Quantas vezes por dia você lava a calçada? (tira o microfone sem dar tempo pra pessoa responder).
Rep 1- Daqui a 2 anos, quantos banhos você conseguirá tomar  em um mês?
Rep.3- Três?
Rep. 2- Você lava muito as mãos quando sai do banheiro?
Rep. 3- Só quando defeca? Ah bom!
Rep 1- O que você pensa a respeito da utilização alternativa dos faróis dos vaga-lumes?Isso causaria alguma extinção?
Rep.3 - E a senhora?Tem cuidado bem da sua   “mata ciliar”?
Rep. 2- E o seu meio, o seu ambiente, está tudo ok? Ou continua varrendo as garrafas de  REFRIGERANTE  nas bocas de lobo? No BUEIRO?
Rep. 1- (interroga o câmera) - Por que o seu parceiro não veio hoje?
Câmera- Ordens superiores, para cortar gastos com energia...
Rep. 3- Por que você usa óculos?
Rep. 2- O desmatamento está catastrófico ... os rios perderam seus cílios; a poluição aumenta a cada dia...
Rep. 1- Nossa saúde está ferida...nosso planeta está doente.
Rep.3- O que podemos fazer?
Ator da plateia- Educar as criancinhas! (saem os repórteres)
(São Pedro entra contando suas chaves e tromba com Charles Chaplin (Carlitos), todo confuso e nervoso).
Carlitos- Me dê essas chaves aí; eu vou abrir todas as torneiras, todos os cadeados, tudo, tudo...Liberdade de consumo, abaixo a ditadura, liberdade!
São Pedro- Mas pra que tudo isso Carlitos?...
Carlitos- Estou indignado! Quando eu era vivo me obrigavam a trabalhar como um cavalo, fazendo peças e mais peças... Eu e meus companheiros nos tornamos máquinas! Era o progresso, a modernidade, a evolução! E agora tudo o que passamos foi em vão? não se pode mais usar essas porcariadas que construímos. Botarei tudo para funcionar, tudo...( agarra uma chave  e tenta abrir/simular).
S P.- Calma homem de Deus, Você está confuso e debilitado! O que fizeram com você?
Carlitos- Me dê estas chaves seu esquisitão ! Eu voltei para uma revanche com estes capitalistas selvagens...!
S P. Lembre-se Carlitos : “não sois ´maquinas, homens é que sois”  E quer saber mais? Fiz igual você fazia com as máquinas! Tranquei todas as nuvens desta planeta, e, aqui não cai mais uma sequer gota d’água até que o bicho homem tome jeito (Carlitos sai levando uma ou algumas chaves e gesticulando...) ( entra Lampião, o cangaceiro, de armas na mão, falando com a platéia e nem nota São  Pedro).
Lampião- Ai meu santo santinho Pade Ciço, se me apagarem  a minha luz eu capo um, se não for dois.  (Vê São Pedro e se assusta).
Lampião- Não vem não, que eu num falo com mensageiro. (Não dá tempo para São Pedro responder e sai esbravejando) .* –Nossa Senhora , me iluminai...
Nossa Senhora - Chi, meu filho, falta luz, falta tudo; até lá no céu o home qué que nóis economize. Veja só, mandô nóis apagá inté as estrela. Tamo assim, veja! (blackout na plateia). Viu? É, a coisa ta feia, em cima e embaixo.
São Pedro- Acho que quem está perdido agora sou eu. Ué! E o que faz Zumbi aqui, nesta época?
(Entra Zumbi carregado por 4 pessoas, de “cadeirinha”, cantando)
Zumbi - “se você pensa que Carioba  é boa, carioba não e´ boa não ...Carioba mata os peixinho, e prejudica a população. (Ele desce, pratica um  movimento de capoeira enquanto os outros continuam batucando esta música).
Zumbi olha para São Pedro que observara de longe:
Zumbi- Eu fui conversar com o Fernando Bico Melloso e ele me pediu pra alertar o povo dos problemas que podem causar à Piracicaba se esse negócio for construído!E foi o que eu fiz:veja...
São Pedro- Até que enfim... acho que me encontrei!Continue...
Zumbi- Atenção! Esta carta não fui eu quem escrevi. Foi um cidadão piracicabano, que vê as lágrimas escorrendo em seu rosto. Que vê pais e mães falando aos seus filhos que há muitos anos atrás Piracicaba tinha um grande rio, tão famoso, tão formoso, que carregava o nome da cidade com ele. Que carregava muitas águas, muitas lágrimas. Olha lá...
(Entra John Lennon, seguido de várias pessoas com cartazes virados com frases tolas, e seus olhos estarão vedados por um pano).
John Lennon- Mas hoje, meus amigos, é hora de se juntar, de salvar o rio, cantado em versos, cantado em músicas...e de nos salvar. É hora de olhar ao nosso redor, de  desvendar os olhos e perceber as miudezas da vida. (O ator pode cantar estrofes,,,).
( São Pedro os abraça, se  junta a eles; Zumbi, John Lennon e São Pedro vão tirando as vendas dos olhos do povo, que vão virando seus cartazes para o lado certo, com dizeres interessantes e se espalhando pela plateia . Cada ator personagem falará uma frase da música do Craveiro e Cravinho).



Música “O grito do Rio Piracicaba”

“Eu sou o rio Piracicaba tão famoso
Da cachoeira, o sereno e o farjão
Dei muito peixe e matei muita sede
Eu sou o rio que tem muita história e tradição
As minhas águas que são puras e cristalinas
Deram momentos de prazer e alegria
Nas minhas margens, onde tudo era beleza
já construíram não sei quantas moradias...
Eu sou o rio criado pela natureza
e peço a meu povo um pouco de proteção
Esse lamento é meu grito de socorro
a sua ajuda será a minha salvação ...
Estou cansado de arrastar tanta sujeira
não sei por que sou maltratado assim
Pois quem me olha fica tão indignado
vendo que aos poucos estou chegando ao fim.
Antigamente o pescador olhava  para a lua
refletindo em minhas águas seu clarão
Cuide de mim como se fosse uma criança
serei o rio  da futura geração.
Eu sou o rio criado pala natureza
e peço a meu povo um pouco de proteção
Esse lamento é meu grito de socorro
A sua ajuda será a minha salvação...
                                                         

PERSONAGENS:

-São Pedro- Erik Tranquilim
-Homem  Pescador- Suni
-Mulher Pescadora- Rafaela Arthuzzo
-Ladrão- Diego
-Elvis não morreu- Tiago
-Mãe- Lucélia
-Pai- ..........
-Filha- Vivian
-Repórter 1- Baábila
-Repórter2- Thaís Dias
-Repórter3- Tatiane Tozzi
-Repórter4- Roselaine
-Câmera- Ednéia
-Chaplin/Carlitos- Danilo
-Lampião- Julio
-Zumbi- Gledson
-John Lennon- Luciane Santini
-Louco- Ana Lúcia
-Nossa Senhora Aparecida- Amanda
- Os 2 Anjos- Reinaldo e Mateus
- Tocadores e capoeiristas- Alguns alunos (ver)

                 


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Artigo publicado na Tribuna Piracicabana, há algum tempo.

MULHER OBJETO
             -“Larga esta boneca! É minha!” –Grita a mãe de dez anos de idade à sua filha de dez meses, retirando a sua boneca preferida das mãos do bebê.  Este chora, assim como sua mãe. O outro filho, gêmeo, acaba de acordar faminto pelos seios ainda não desenvolvidos de sua mãe. A infância desta foi seqüestrada pelo padrasto estuprador. Isso não se trata de uma cena cinematográfica, teatral ou extraída da tela de TV. Seria provavelmente um fato ocorrido, não fossem a piedade e o bom senso de um médico e da família que aprovou a interrupção da gravidez desta menina pernambucana. Sabemos que os maiores índices de violação sexual ocorrem dentro de casa, com parentes próximos ou distantes. Em artigo publicado dias atrás, o querido e conceituado médico ginecologista Guilbert comenta que não há prevenção ao estupro. Defende o aborto como um direito à mulher. Talvez investindo em educação e numa mídia mais ética ajude a prevenir abusos. Já o bispo, no mesmo artigo, reafirma a posição da igreja católica romana que é contra qualquer tipo de aborto, pelo direito à vida. Mas a questão não é simples assim. Não é hora para hipocrisias. Não sou favorável ao aborto. Já fui, no passado. Como eu abraço o espiritismo e acredito na reencarnação, na evolução mental e espiritual da alma, defendo a vida também. Todavia, defendo a vida de crianças exploradas, violentadas e de mulheres em circunstâncias similares. Sou educadora e, há anos atrás, numa ocasião de debate em sala de aula, com alunos do Ensino Médio na Escola Dr Jorge Coury, sobre o polêmico tema aborto, a opinião de uma aluna me fez rever a minha postura em relação ao aborto por estupro: “Se a pessoa não quiser criar a criança, ela poderá gerá-la em seu ventre, visto esta não ter culpa pelo ato do pai, e terá nove meses para encontrar alguém que a adote já no nascimento. Não deve ser fácil, mas se a mulher fizer esta opção será um direito dela”. Não havia pensado nisso...mas ainda acredito no direito da mulher poder escolher, nesse caso. Concordo com o bispo quando lembra que há pessoas favoráveis ao aborto, inclusive vindo a praticá-lo em estágio avançado de gestação, mas que massacra a mulher que abandona o bebê ao nascer. Nem tomam conhecimento dos fatores que a levaram a essa medida extrema e lamentável. A questão é: a sociedade não oferece estrutura para orientar e socorrer a mulher pobre, abandonada, solitária, desequilibrada, faminta, desempregada, com depressão pós- parto, em tenra idade ou não. É fácil atirar a primeira pedra, difícil é sentir a pedrada. E onde está o homem? O pai? Que papel atribuímos a ele? Ninguém se lembra dele quando uma mãe larga a criança à mercê. É o machismo que ainda impera. Tenho a nítida impressão de que, para as menos favorecidas financeiramente, a trajetória feminina na história da humanidade não sofreu significativas alterações, chegando mesmo a sofrer involução em algumas situações. A mulher branca, estudada e com independência monetária conquistou muito espaço e compete com o homem quase igualmente. Do cinto de castidade, quando a mulher era privada de sua liberdade higiênica e do prazer solitário onde nem a masturbação era permitida, passando pela escravidão no Brasil Colonial e Imperial onde a violação do corpo e do pensamento feminino era constante, num sistema patriarcal vergonhoso, até os dias de hoje, o que temos conquistado? Mulheres negras e pobres ganhando menos que outras. O corpo, a imagem e a dignidade da mulher sendo vendidos em out-door, na mídia em geral, através de propagandas de bebida, de carro, e outras, como mercadoria barata e de fácil acesso. Através de filmes, novelas, programas de auditório, pegadinhas, piadas, e até mesmo de “inocentes” desenhos animados a figura feminina surge estereotipada, manipulada, objeto de consumo e prazer masculinos. Ainda se ressalta a importância dela no fogão e cama. Basta observar as propagandas de margarina ou outro alimento, servido pela mãe aos filhos e marido que aguardam. Quando é ele quem ajeita a mesa, mostra a comida já comprada pronta. Nos sites e blogs vê-se um tratamento preconceituoso e hipócrita ao sexo feminino. Nas bancas não há mais critério para as vendas de revistas pornográficas: estão expostas do lado de fora, bem na altura da cabeça das crianças que por ventura passam em frente todos os dias, na calçada da escola. Em algumas se vê um cantinho escrito “revistas eróticas masculinas”. Em outras estão bem espalhadas. Perguntei outro dia ao jornaleiro ‘ o senhor não tem um cantinho de revistas eróticas para mulheres?!” Ele não tinha. Será que pensam que as mulheres não gostam de ver os corpos masculinos? Acredito que a resposta seja outra: os homens são mais discretos e espertos, não se vendem tão por baixo. Querem preservar um pouco da dignidade que ainda resta. Ouço muitas mulheres dizendo que o marido a ajuda nisso ou naquilo em casa. Indago mentalmente: seria ele uma criança ou um doente que não consegue fazer sozinho? Seria então ela a responsável por tudo no lar, com dupla jornada de trabalho? Ainda predomina no inconsciente coletivo a idéia de que a mulher deve ser a imagem de Maria, pura, perfeita, que se nega o prazer e a auto-realização em função dos filhos e marido. Basta verificar as pesquisas que indicam o baixo número de mulheres que consegue um orgasmo com seu parceiro. Parece banal, mas a sexualidade bem gerida é fundamental à saúde individual e a do casal.  Quando a auto-estima está em baixa a mulher se isola, se deprime, aceita sua situação de exploração e violência doméstica como normal ou impossível de se mudar. Depende emocional e financeiramente do marido, principalmente quando se tem filhos.  A própria família nega a infância à menina e a expõe à violência, quando esta só usa a moda do adulto, vê programas de adulto, escuta a mediocridade e a mentira. A bonecas estão cada vez mais com caras e corpos sensuais. Outro detalhe: Por que a mulher ainda adiciona o sobrenome do marido ao seu ao se casar, se a legislação permite que se preserve a sua identidade ou que se faça o contrário também, acrescentando o dela ao dele?! Não tem ela individualidade e luz própria? Esta prática fazia sentido quando o homem era o dono da mulher. Foram tantas as transformações nas relações familiares e na sociedade que não se atentou a outro detalhe: Continua-se acrescendo o sobrenome do pai no final do nome dos filhos, em descrédito à mãe!! Neste país, quantos pais abandonam o lar para sempre, ou esporadicamente lembram-se dos filhos?!! Rápido fabricam outros em distintos lugares e quando a criança ou a mãe vai preencher uma ficha ou compartilhar algum prêmio dos filhos, depara-se com o seu sobrenome abreviado, e em destaque o sobrenome daquele que mal sabe a idade e a série escolar em que o mesmo se encontra. Ela leva um choque! Gerou, pariu, amamentou, cuidou...! Como desejar que crianças, jovens e adultos, seja masculino ou feminino, respeitem a mulher se a auto-imagem dela é distorcida desta forma?!? Desde a promulgação da última Constituição do país, há vinte e um anos, não há mais o termo chefe do lar, para o homem, ambos são os responsáveis pela família. Temos um grande aumento de lares chefiados somente por mulheres. Sua força e resistência foram fundamentais para a construção da sociedade, ainda que obscura pra História. Concordamos em generalizar o feminino pelo masculino nos vocábulos cotidianos. Decidiu igualar-se ao homem tanto nos aspectos positivos como nos negativos, imitando–o.É uma pena! Se as leis, por um lado, se democratizaram e avançaram em relação à mulher, como a Maria de Penha, os financiamentos de imóvel em nome da mulher e outros, falta muita coisa ainda, na prática.Que possamos, homens e mulheres, compartilhar de uma busca lado a lado!
 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

RITUAL DA LIMPEZA E HISTÓRIAS (excerto do Livro A Menina do BAIRRO FRIA)

A  casa estava sempre limpa, apesar da areia do quintal em frente à cozinha e da terra roxa ao redor. Assim como as roupas e o asseio do corpo que a mãe fazia questão de inspecionar e orientar. Ao menos uma vez por semana verificava se havia cascão nas orelhas, nas duas orelhas dos cinco filhos e também no umbigo; cuidava da higiene bucal, via se estava na hora de cortar as unhas, se havia “bicho-de-porco” ou “bicho-de-pé”, vulgo “batata”, nos pés. Ai! Como era prazeroso esse ato de carinho da mãe, com sua agulha de costura, em mãos firmes e atenciosas, cavava um buraquinho na pele, contornando “o bicho- de pé” até extraí-lo com destreza e coragem; dava uma coceirinha gostosa e um alívio no local. Outras vezes, era o estrepe no pé de uma, no pé doutro.
Aos domingos era fatal. Ao raiar do dia pegava os filhos menores, um a um, enchia a bacia de alumínio com água amornada no único fogão à lenha de que dispunham, enganchava a criança em seu quadril e se punha a lavar a cabeça, geralmente com sabonete ou sabão. Shampoo era coisa para “gente chique”, da cidade. Às vezes, Dona Auda completava a limpeza com folha de babosa. Os cabelos ficavam sedosos. Ocorre que, fosse por hábito ou por compreender que este era o único e melhor método de se lavar a cabeça dos pequenos, para evitar que a espuma infiltrasse nos olhinhos, Luzia se sentia incomodada naquela posição desajeitada: cabeça na bacia, pernas entrelaçadas na cintura da mãe e braços agarrados em seu pescoço. Parecia até uma brincadeira, mas a água e a espuma que escorriam em seus olhos e ouvidos era sinal de tortura ou sufocamento natural. Não entendia por que a mãe precisava carregar todo esse peso em seu colo e fazê-lo desse modo tão complicado. Na ora de penteá-los outro “martírio”. Não usavam creme e os puxões com o pente eram inevitáveis. Apesar desse ritual inquietante, o sol de domingo tinha uma cor, um cheiro no ar e uma vida diferente dos outros dias da semana. Mais bonito, alegre e aconchegante. Isso transparecia no rosto de cada membro da família! Era domingo!!
Durante a semana os banhos eram supervisionados pelas irmãs maiores, que iam trocando de água ou jogando-a vagarosamente com um jarro sobre o corpo já ensaboado, na bacia maior. Na hora de dormir lavavam somente os pés.
-Luzia, já que ocê ainda não veio lavá os pé, pegue então o pano lá no varar pra gente enxugá os da Tetê, pedia Regina e Maria em coro, ao perceberem que ela estava a espiar pela fresta da janela. Ainda brincava lá fora tentando segurar um vaga-lume.
-Aquele trapo, que era calça rancheira do pai?
-Não! Pegue aquele de saco de açúcar que deve estar mais limpo. -Explicou Regina, esfregando com a bucha os pezinhos finos de Tetê.
-Cuidado com a corrente de vento. Põe logo a roupa e não saiam lá fora dispoi do banho quente, senão pega resfriado!! –Lembra Dona Auda às crianças.
Fazia parte da higiene pessoal das crianças a captura de carrapatos e micuim que se proliferavam pelo pasto e pela mata em determinadas épocas, vindo a pular para o corpo quente das crianças e dos animais. Era um Deus nos acuda: todos com dois ou três carrapatos, quando não, inúmeros. Uma coceirinha gostosa e lá ia Dona Auda com um pano embebido em álcool, temperado com ervas ou não, retirando um a um, para alívio dos pequenos. Os que não pegavam o artrópode tinham inveja dos irmãos que recebiam cuidados especiais da mãe. Achavam que micuim era outro tipo de aracnídeo. Somente na cidade, quando adultos, é que tiveram a grande revelação para espanto e decepção: “o micuim é o filhote do carrapato, sabia, mãe? Ou, o carrapato é pai do micuim?” –Disseram.
 Ações cotidianas que demonstravam carinho e afeto uns aos outros. Esses momentos de proximidade física com a mãe eram apreciados pelas crianças.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Leitura e Bate Papo... o livro O SEMINÁRIO






Obra de Camilo I Quartarollo, faremos uma leitura compartilhada, seguida de um debate caloroso de inverno!
- Nesta 5ª feira (5 de maio), às 20h no Espaço Cultural GARAPA ( Rua D Pedro I, 1313, atrás do Terminal Central, Piracicaba).
Sua presença será motivo de muitos sorrisos!!

Num seminário religioso católico a morte recente de um estudante pela queda de uma sacada. Morte semelhante à outra mais antiga em 1940, de um noviço, Adelmo, que era rebelde e tido por suicida. Os freis tentam minimizar o fato e evitar a ligação das duas mortes, mas há um diário. Teófilo ao entrar para o seminário, ingenuamente, depois dos fatos, vai descobrindo pessoas diferentes, boas e ruins, proteção e perigo junto à casa enorme que é o seminário. O protagonista, Teófilo aprende a questionar, a sofrer com suas dúvidas e perguntar, a encarar as pessoas.
O perigo externo não o amedronta tanto mais que suas dúvidas. Em meio a tudo isso descobre a vida simples que os frades levam e semeiam para si, como frei Junípero e frei Dulcino, este um frei bonachão e cheio de truques. No andar superior moram frei Francisco Midas, frei Ambrósio di Gubbio, frei Honório della Sindone, frei Julio, frei Juliano, frei Cristóvão e frei Tadeu. No primeiro andar do seminário são os estudantes como Olívio, Pedro, Asdrúbal, Santo e outros; no andar térreo, Seu Zé do Porão, morando sozinho. Os animais domésticos, cães, Matita, o Véio, o gato Chico, andam pela casa e adquirem importância na convivência, na Fraternidade Franciscana.
Teófilo participa das pastorais da igreja e tem contato com o povo e com as mulheres, Branca, Aida e Sofia. Descobre-se platônico, questiona o celibato, a postura inflexível da igreja em questões-tabu; mas Branca é seu amor-secreto e esta se casa com Alan e tem um filho,  frequenta o seminário com o filho e se apega a Teófilo como a conselheiro. Neste ínterim entram em cena Sofia e Aida, ele não consegue lidar com isso e se fecha na sua “vocação”, para não sofrer. As questões de sua espiritualidade ainda estão pendentes e um perigo real ronda o seminário - como dissemos acima, de somenos importância para Teófilo; porém, ele mesmo é atacado, se atraca com o meliante à noite, sai humilhado e vencido em seu orgulho - o assassino o deixara viver. Agora ele também é um dos fantasmas-vivos, talvez não diferente de Adelmo enquanto não resolver questões profundas de seu ser: a espiritualidade.
Seu mundo material se destrói como por mágica, o seminário ruiu, sobra o recanto de um visionário, a espiritualidade sempre suscitará dúvidas e descobertas ao espírito aberto.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Núcleo de Cultura da Unimep e o Grupo Andaime tem o prazer de convidá-lo
para abertura da exposição:
ANDAIME TEATRO UNIMEP - 25 ANOS DE HISTÓRIA.
Uma realização do SESC Piracicaba.
Dia 3 de maio, as 20h,no SESC Piracicaba.Venha comemorar conosco esses 25 anos de existência e resistência!

"ANDAIME TEATRO UNIMEP - 25 ANOS DE HISTÓRIA" 
Instalação criada com objetos de cena e fotos das peças  
 25 anos de teatro; uma bodas de prata para ser comemorada! O
projeto "Andaime Teatro Unimep - 25 Anos de História" propõe destacar a
importância e parte da trajetória desse grupo teatral presente na nossa
cidade e vinculada ao Núcleo Universitário de Cultura da Universidade
Metodista de Piracicaba.

Em "ANDAIME TEATRO UNIMEP - 25 ANOS DE HISTÓRIA" - temos uma instalação
criada pelo cenógrafo paulistano Júlio Dojcsar com objetos de cena e  fotos
das peças. Trata-se de uma exposição de adereços, cenários, figurinos, e fotos das montagens teatrais criadas pelo Grupo ao longo dos seus 25 anos de existência. 

O objetivo é despertar no visitante, ligado ou não às artes cênicas, o
interesse e o fascínio pelos bastidores do mundo teatral. 

Entre os destaques da exposição estão os cenários e figurinos das peças "O
pequenino grão de areia" e "Lugar onde o peixe pára" de Carlos ABC,
premiadas nos Festivais de Jundiaí-SP, Penápolis-SP, Pindamonhangaba-SP,
Ponta Grossa -PR e  Resende-RJ  e os cenários e figurinos, criados por
Márcio Medina, para as peças "Nonoberto Nonemorto" e "Comovento" que foram
premiados nos festivais de Florianópolis-SC,  Blumenau -SC, Pindamonhangaba-
SP, Americana-SP e  Pindamonhangaba-SP.  

HUMOR SEM GRAÇA!


Companheiros de jornada, literária ou não, este texto, de minha autoria, foi publicado no Jornal A Tribuna Piracicabana, no dia 14 de abril. Espero que o aprecie e comentem... Obrigada.
Quero parabenizar a escritora Dirce Ramos de Lima pelo texto “Humor sem graça”, publicado recentemente, neste jornal. A abordagem realizada por ela, reflexiva e consciente, só nos prova o quão urgente se faz um amplo debate sobre a forma e os conteúdos dos programas humorísticos em geral e, de outros programas televisivos ou “internéticos”! Somos todos afetados pela lavagem cerebral, oferecida gratuitamente ou não; a criança, o jovem e todos os demais, independentes da condição social. É claro que, as mulheres, os obesos, os idosos, ou, aqueles que ressaltam alguma diferença do senso comum, são os alvos desse tipo de humor; Sem raciocinar, sem causar mudanças evolutivas, sem demonstrar amor, afeto, sentimentos verdadeiros de generosidade, por exemplo. Predominam o escárnio, o riso fácil e curto, não há mais poesia, encanto, suspense, senso crítico e refinamento.  Dar um risinho forçado e medroso às custas da fragilidade alheia...sentado no sofá, olhar ao seu lado e deparar-se com a esposa, a filha adolescente, um sobrinho pequeno ou um pai já em avançada idade... é no mínimo, desconfortável, diante da telinha. Disfarçar. Se não nos incomodamos mais com isso, é sinal de que algo caminha de mal a pior, dentro e fora de nós. É a banalização da violência, da desonestidade, da perversidade, é o distanciamento do eu mais profundo. Não vejo televisão há um bom tempo, mas, nas raras vezes, sempre me deparo com situações desgastantes. Como mulher, sinto que, cada vez mais, temos menos valor, mais expostas a zombarias, chacotas, piadas preconceituosas. Quem não sabe fazer humor com inteligência e sensibilidade, não o faça. Todos deveriam expor suas opiniões e sentimentos relativos a esse assunto, a manifestação ainda é uma arma valiosa!