Outra esquete do Projeto Plantando Sonhos, na EMEF do Jardim Santo Antonio, 2003.
Entra o motorista do caminhão (Jandir) levando várias pessoas, sozinhas ou com família, que estão se mudando para outro lugar mais distante, outra cidade ou Estado. Percorre o palco com um volante na mão, faz barulho de ronco do motor. Para. Os passageiros vão descendo e ocupando um espaço no palco; cada um carrega um tipo de objeto, que retira da mala, trouxa ou outro suporte. Algo que tenha significado para o personagem, que vão lembrando e contando fatos de sua vida, sonhos, costumes, suas origens, dificuldades, expectativas, e estabelecendo novas amizades na viagem.
Pedro- Saí de Campo Formoso, Bahia. Aqui em minha mala eu guardo sonhos!
Maria- Com o que você sonha? Se é que eu posso saber (come numa marmita)
Pedro- Sonhos. Pra comer no caminho (mostra os sonhos)
Maria- Palestina, Alagoas!
Osvaldo- Será que vai ser bom? Eu venho de Figueira, Paraná.( carrega um radinho e tenta achar a estação junto ao ouvido, de vez em quando dá uns tapas no rádio, conversa com ele como se fosse o melhor amigo).
Flavia (Criança, ela carrega brinquedos, está junto com a mãe que a abraça)- Será que eu vou gostar de lá? Farei amiguinhos?
Sara- (retira um pente, creme, espelho, pó de arroz e batom de um jornal e fica maquiando, concentrada).
Vó, neta, bisneto (Eduardo) e um bebê de colo se despedem.
Vó- Vai com Deus, minha neta, e cuide bem da lindinha e do nosso pequeno Eduardo. Leve esses queijos pra comer depois; e nunca desanime, minha querida. Lute, lute com dignidade até o fim...
Neta- Obrigada por tudo (beijam-se e abraçam-se. Vó sai, neta ocupa seu espaço, dá mamadeira para o nenê, carrega as malas e o menino uma malinha com brinquedos e chupeta).
João- Eu sou de Imperatriz, Maranhão. Se Deus quiser arrumarei logo um trabalho pra mandar as economias pra família (tira documentos velhos embrulhados num lenço, depois fica pensativo observando o nada).
Rosa- Viemos de carona, mas nenhum acidente com o caminhão, graças a Deus. AH! Eu venho de Altaneira, Ceará. (carrega uma trouxa de roupa e um tercinho, reza sempre).
Entra um vendedor ambulante de biscoitos, outras guloseimas e pinico, oferece às pessoas e repete o pregão: -“Comprem! Tem de tudo um pouco: biscoito, pinico e até um boneco louco. Comprem, comprem biscoito! É 1 por 5, e 3 por 8!” Eu sou de Florestópolis, Paraná! (Repete o jargão, alguns compram. Ele é divertido e engraçado)
Meire- Dizem que em São Paulo faz muito frio. Será que eu aguento? ( traz uma mala cheia de roupas e jóias, vai arrumando e verificando).
O bisneto se aproxima da menina Flavia e conversam
Flavia- De onde você veio?
Bisneto (Eduardo)- Da barriga da minha mãe, oras!
Davi está acompanhado de sua esposa Marta. Ela carrega uma caixinha com fotos, ele desembrulha apenas um perfume e passa em si próprio e nela, que não aceita.
Davi- Meu pai é mineiro, minha mãe paulista, então somos misturados: Minas e São Paulo.
Marta- A capital está muito agitada e perigosa, vamos tentar a vida no interior...
Vera- é muito divertido mudar de cidade. Parti há muito tempo de Emilianópolis para o Piracicamirim. Crenças? Só acredito que nós colhemos o que plantamos! Saudades? Tenho saudades das festas e folias na minha terrinha: o Boi, a umbigada, as amizades... (abre uma caixinha de música de dentro de sua mala velha)
Pedro- Eu vou plantar todos os meus sonhos!
Maria- Os sonhos? (espantada)
Pedro- Não. Os meus outros sonhos!
Rosa- Creio em Deus, e é isso!
João- Creio no trabalho, saúde e felicidade.
Meire- Costumes? Eu acho que o importante é passear e comer bem.
Davi- Se tenho Superstição? Não ler depois de comer; faz mal pra vista!
Marta- é, dá sono, né velho!?...(ironia)
Vó (entrou em cena com outra roupa e personagem)- Tenho medo de coruja, e em 6ª feira 13, então?
Motorista (voltou em cena depois)- Tenho medo de alma penada e de sapato virado, Deus me livre!
Eduardo- Ai, jamais quero ver o bicho de 7 cabeças...
Flavia- E os bichos soltos na quaresma então...
Dois jovens que dormiam, levantam-se e começam a batucar com algum instrumento e cantar (ver música).
Todos cantam juntos, vão se abraçando, despedindo-se... é a chegada!
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