Mais um texto da
"História do Grupo Andaime de Teatro Unimep contada em brilhante livro"
Andaime – Um Jeito de Ser, escrito pelo doutor em História Social e Mestre em Teatro,
Alexandre Mate. Lembro-me, agora, de passagens peculiares de nossa trajetória,
do espetáculo Nonoberto Nonemorto: a nona Daniela, hoje na
Itália, depois a nona Priscila, que maravilha! o nonoberto querido Chapéu, que
enganava e convencia o público, sentado na plateia, já no começo do espetáculo!
Da coxia, lágrimas eu derramava em toda apresentação. Carmem, Anselmo,
Jerônimo, Fabio, Netinho e Netão! Jorge, Maria, Andrea e Brandão. Nelma, Bruno,
Simone, Abegão, Marina H., Gabriela, Paulo, uma família! Como o “Peixe”, muitas viagens, prêmios, crítica
aprimorada.
O
processo da montagem, estreada em 2000 e apresentada por quatro anos, também
foi de muito suor, risos e lágrimas. Os temas, profundamente pesquisados, deram
continuidade à linha de estudo do Grupo. Diretor Francisco Medeiro, dramaturgo
Luis Alberto de Abreu. Medina cenógrafo, Altafini a trilha sonora, Heise a
iluminação, Jânea a dir. musical e Péricles assistente.
Improvisações
rolavam em abundância. Valiosas discussões referentes à mitologia, aos rituais
de transição. –É exatamente aí, no ápice do cansaço, que vocês irão criar com sabedoria,
insistia o diretor. Montem aquilo que lhes toca profundo, aquilo que é mais
relevante para a história de cada um. Olhe para o passado e revisite a sua
identidade. Esse é o âmago da questão! Tragam encenado o sonho de cada um.
Faremos a apresentação da cena e depois a revisitarão para retirar a sujeira,
deixá-la mais clara e saborosa. -Apareci com meu sonho datilografado num pedaço
de folha: “- o sonho da moça-mulher é poder viver num lugar onde houvesse
justiça e igualdade social, meu sonho é conviver melhor comigo mesma, tendo
calma, ser compreensiva, ajudar as pessoas de várias maneiras”.
Paralelamente, os atores debruçaram-se sobre
os dois bairros rurais de origem trentina, em Piracicaba, que após a conclusão
do texto ficou sendo Santanaolímpia. Entrevistamos moradores mais antigos.
Participamos da festa da Cucanha, desde a coleta dos materiais para o cozimento
até o final, com direito a banho de lama. “-Para escapar do desconhecido cria-se o mito,
uma narrativa. O mito é onde moram os arquétipos. -Zia Maria dizia “Ter filhos
quer dizer 9 meses de doença e tutta la
vita de convalescência”.
Cenas escritas, gravadas iam ao dramaturgo que
voltava com um roteiro, resultado da criação coletiva: “... não é só as agruras e heroísmo das massas imigratórias e
migratórias que constituem o Brasil, mas ganha contornos simbólicos e torna-se
emblema da busca, da ânsia que agita a alma humana em pôr-se em movimento e
buscar um lugar diferente de todos já conhecidos e experimentados...onde corre
o leite e o mel...lugares míticos que estimulam a imaginação do ser humano,
desde os tempos primitivos até os dias de hoje”.
Numa
cena o personagem Nonoberto diz:-“Nossos
pais saíram do Tirol e construíram Santanolimpia. Se ela acabar, se a gente
quiser, fazemos outra. Acho que nossa comunidade não é essa terra, nem o
dialeto, nem mesmo o Tirol. É coisa que não sei o que é, mas que está riscado
lá dentro, e vai aonde a gente for.” Sou muito grata pela oportunidade de
participar desse espetáculo, assim como do “Peixe”. Entrei no grupo Cochichonacoxia da Unimep em 1989 e no
Andaime em 96.
(public. A Gazeta)
Belo momento vivido por você, Luzia! Gratificante mesmo!
ResponderExcluir[ ] Célia.