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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

OS DOIS BALDES

Agradeço aos comentários, tão preciosos!
E aqui vai um poema


Eu subia
ele descia
Éramos dois baldes
ora cheio, ora vazio
No fundo do poço
as vezes nos encontrávamos
Descíamos balançando
na carretilha acima
duas mãos nos controlando
Água fresca íamos levando
Um dia chegou a torneira
água de cano, do rio, na mangueira
Somos hoje dois vasos,
vasos de alumínio
com prego furados
Somos as vezes regados
                                                   pela água da torneira.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A PROVA DO FAROL


O priminho Zurí, sentado num dos galhos do ipê amarelo. Amordaçado. “Desça daí! rápido!!!” sussurrou-lhe o pai, temeroso.
Era uma região com um povo de costumes diferentes, sofisticados, em que homens usavam saias e as mulheres calça comprida, os meninos podiam brincar de bonecos e os homens tinham o direito de chorar. Evoluídos em suas relações culturais e sociais. Porém,  um pequeno grupo de jovens, existia, moços e moças que mantinham o rosto coberto e eram adeptos da perversidade. Esse grupo fez um trato com duas jovens - Valerrí e Sofie - dizendo que havia sequestrado o priminho delas, Zurí, de apenas cinco anos de idade, e que iam oferecê-lo em sacrifício a uma nova deusa: Zimom. Esta prática estava abolida pelo povo há milênios e o pequeno grupo queria resgatar, à custa do rito de sacrifício da criança. Contudo, havia uma condição de salvarem o priminho: se as duas conseguissem chegar ao topo de um Farol muito alto, na costa leste da praia de Zimom, no vilarejo.     
Escaladas para subirem ao farol, as duas jovens retiraram os calçados. Os pés deixaram a leve areia e pisaram na firmeza dos degraus de uma escadaria de madeira. Vigiadas pelos algozes e talvez admiradas por um ou outra - decididos a usarem o tempo ocioso, que não era pouco, para transferirem suas raivas a algum alvo -  tentavam ambas subir ao topo.
            O menino preso sob a vigilância de alguns dos algozes, num local não tão desconhecido. Alma generosa, um sorriso apaixonado pela vida, via-se um tanto inseguro, procurava, porém, suster a força e a fé que percebia no exemplo paterno. A mãe o deixara desde o nascimento. A saia amarela ouro e a camiseta branca do menino já estavam bem sujas e marcadas por rasgos, seus olhos até então serenos, encheram-se de grossas e incontidas lágrimas, cujas pálpebras inchavam-se. “Pode chorar, filho, quando precisar, chore; vai sentir uma leveza no peito e raciocinará com mais clareza depois de uma tempestade!” “Sábia é aquela pessoa que não espera controlar tudo e todos e sabe a hora de admitir sua sensibilidade, sendo verdadeiro consigo. Talvez não entenda tudo que lhe falo, mas um dia...”. O garoto lembrava-se do pai.
            Era noite. Valerrí e Sofie ultrapassavam a metade do percurso da enorme escada, quando o farol foi desligado. Breu. “Há algo a mexer-se sob a madeira. Seriam cupins!”, supunham elas. A cada passo, um ato mais de esperança que certeza, acompanhado pelo desafinado coro, abaixo, palavras e urros de zombarias. Valerrí, que ia à frente, sentiu-se invadida por um torpor. “A escada não teria fim, seria uma fantasia ou coisa mágica?” E o priminho amado de tanto amor certamente corria muitos perigos, pressentia, e o tempo se esgotava. Pedia proteção aos mestres e mestras ascensionadas - Jesus, Metratom, Kwan Yin (deusa da misericórdia e compaixão) e outros!
 Disfarçados, dois sequestradores afastaram-se lentamente, desaparecendo na escuridão que teimava em ofuscar o brilho da lua, na praia.
            O tio delas, pai do menino, confiava em São Francisco de Assis, Nossa Senhora, Olodum, Chico Xavier, e tinha uma simpatia pelo budismo e taoísmo, percorrendo toda a região em busca do esconderijo, intuía que estava perto. De repente, avistou um boneco no chão. Parecia-lhe familiar; correu, apanhou-o. Podia ser um dos brinquedos do filho! Esse povo já estava num estágio em que homens e mulheres compartilhavam tudo; os bonecos e bonecas serviam às fantasias dos futuros pais e mães, com seus bebês. Daí a importância do lúdico.
Ah, Sofie! Por que ficou para trás? Seus pés eram miúdos. Seus pais sempre lhe diziam “filha, numa situação crítica, não convém ser a primeira, tampouco a última; seja a mediana e terás mais paz e felicidade”. Naquela situação não havia escolhas. Alguns degraus atrás de Valerrí, o medo de um descuido ou da demasiada atenção às palavras jocosas da turma, sua mão e pé direito deslizam. “Não seja a última, seja a do meio!”, pensava Sofie confusamente, enquanto caía.
Um grito de dor misturado ao líquido forte, bonito e ainda quente no leve chão de areia fina. Assim a imaginava, Valerrí, mais acima. Suas pernas bambas vacilavam entre descer e ver a prima ou continuar e salvar o priminho Zurí. Respirou fundo, fez alguns mantras, em escalada correu com as mãos deslizando sobre limos e insetos colados na lateral.
O uso prático da calça foi exatamente o que ajudou Valerrí no deslocamento de seu corpo, chegando exausta ao topo, aceso novamente o farol por um dos chefes do grupo, ofuscando a lua e os olhos acesos de Valerrí. Esta carregava, às escondidas, umas bolotas de terra dura nos bolsos do casaco e as atirou abaixo com indignada satisfação. Acertou alguns jovens do grupo, desmanchando-se depois nas ondas do mar. “Salvara o pequeno Zurí? E Sofie? Como estaria?”
 O grupo dissipou-se, enquanto alguém, ainda mascarado, segurava Sofie nos braços. Era a liderança, um elemento do bando, apaixonado pela jovem. A compaixão ultrapassou o ódio. Ágil e habilidoso, enquanto ela caía da escada, ele atirara uma corda, evitando sua queda fatal. Ele, sem a máscara neste momento. Valerrí olhava tudo, chocada.
 Do outro lado, o garotinho amordaçado vê, a alguns metros do ipê, seu grande herói carregando seu pequeno herói de fantasia. Ninguém dera queixa? Não havia polícia? Bem, o pai joga o boneco nos arbustos abaixo, distraindo o vigia. Olha ao alto e vê Zurí agachado, escondido no último galho do grande e belíssimo ipê amarelo. Encolhido ainda sobre o galho, arregala os castanhos olhos, puxa a mordaça e diz:
- Quelo vê as pima Valerrí e Sô, papai!
-Pssssiiiiuuuuuu!


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

10 COISAS QUE MAIS APRECIO

Minha amiga Ivana Negri convidou-me a participar desta brincadeira de blogueiras e blogueiros. Fiz a lição de casa, meio atrasada, mas fiz, e olhe no que deu!!

1-    Verduras e legumes refogados ou em farofa


2-    Interpretar e assistir a Boas peças de Teatro e das artes em geral


3-    Dançar

4-    Ler livros que me interessam e escrever

 
5-    Receber massagem e aplicar reiki


6-    Da natureza: os animais, o sol, mar, rios, plantas, Lua, estrelas, terra...

7-    Abraçar as árvores, cheirá-las, enfiar a mão na terra e plantar

8-    Minha família






9-    Saltar, brincar, rezar, beijar,  viajar

10-   Amigas e amigos, novas amizades, pessoas generosas, esforçadas,  simplicidade, honestidade, ter ideais

Algumas pessoas queridas, dentre muitas!!



Como faz parte do jogo, convido alguns amigos, dentre tantos, para dar continuidade...


1- Reserva de Emoções, blog de Ivana Altafin
2- Fortaleza da Alma, Josemaira
3- Pequeno Astrônomo, Marjory
4- Camilo Crônicas, Camilo I. Quartarollo
5- Agenda Cultural Piracicabana, Ana Marly Jacobino
6- Até Hoje, Celia
7-Ponto de Cultura Garapa, Abegão, Chiquinho...
8- Ambient Ação, Giuliana Brunelli
9-Ser Vegetariano, Ivana F Negri
10- Vivendo ao Amanhecer, Talita.