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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Uma partinha do Livro A Menina do Bairro Fria...


Um dia, Luzia e Regina baldeavam água do rio, num bigolo, para o cocho dos porcos, quando avistaram um forte redemoinho se aproximando.

            - Corram, suas pestinhas, não tão veno o que vem lá atrais? – Maria trocava o gasto pavio das três lamparinas, sentada num tronco perto do poço, e alertou as irmãs. - O saci tá preso lá drento e se passá por perto ele sai e vem catá ocêis!!
            - Cruz credo! Iscunjuro! Não quero coisa ruim catano eu, não. Corre, Luzia! – Bradou Regina à irmã que a seguia, em disparada. Os quatro baldes sacudiam a água deixando marcas na areia.  As crianças levavam esta crença com seriedade e talvez até os adultos acreditassem nela. Não seria mais fácil entender que o redemoinho enchia os olhos de poeira e cisco, ao invés de pôr a culpa no saci? Não sabemos... Na corrida elas quase trombaram com o pai e o irmão que voltavam da roça puxando as duas mulas, com as ferramentas atadas ao lombo, o cão Fiel correndo à frente. Ambos riram das meninas, que ainda tiveram tempo de esgoelar:
            -Sai da frente Lindóia! Tá vindo um “pé-de-vento” aí!! – A mula baia, cor de tijolo, mansa e apreciada por Regina, soltou um estridente relincho e quase fugiu aos pinotes, assustada. Nardinho redobrou a força na corda que a sustinha.
            - Deixa eu passá, Minerva, sua branquela! - Gritou Luzia, matreira como ela só. A mula ficou ziguezagueando confusa no meio da areia branca que se suspendia do chão.
            -Êpa! A Minerva deu no pé, destrambelhou!! - Seu Nardo corria atrás da mula que escapara levando a grossa rédea de estopa. Corria e gritava “costa ô!”, que seria encosta aí, e bradava “cruz em credo!! Sua lazarenta, vorta aqui sua morfética...!!” - E ele prosseguia emitindo sinais sonoros que somente o animal reconhecia, enquanto lá adiante se via a ferradura ao ar com os coices que ela dava.  A muito custo ela foi resgatada pelos dois e levada ao pasto para o merecido repouso, milho e água fresca.
Quando as meninas entraram na cozinha os baldes estavam quase vazios ou sobraram apenas um restolho d’água .
            -Agora, que tem saci-pererê fazeno estripulias na crina das mulas e do burro... ah, isso tem. Eu mesmo vi, de madrugadinha, saí pra ponhá os arreio na Minerva e encontrei ela e o burro com trancinha e até que tava bem feita - argumentou Nardinho, dando um tapinha na costa suada de Lindóia, enquanto ele e Seu Nardo descarregavam arreio, “quaiera”, relho, tapa olho, guardando-os na tuia. Alguns sacos de adubo químico se acomodavam empilhados num canto, um cheiro forte se misturava no ar, diferente do esterco animal.
            - O bichinho é danado de esperto e só qué fazê peraltices. Ele gosta de brincá e se ninguém mexê co’ ele, não acontece nada, é que nem criança travessa, só isso! - Explicou o pai, convencido de suas próprias palavras, ia retirando o chapéu e o lenço que protegia o seu pescoço.  – E precisamo apará as crina e o rabo dos animar. Onde será que tá o tisorão? Tem que amolá ele, viu fio?! Óia, essa história dos padre e as muié não dá certo não, viu...- E prosseguia falando compulsivamente.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

PAUSA PARA AGRADECIMENTO

        Agradeço, de coração e bolso, a todos que deram uma baita força para a escritora principiante, Euzinha, comprando o livro A Menina do Bairro Fria, por encomenda ou nas livrarias. Também agradeço aos amigos que encomendaram O Efeito Espacial, de Camilo Irineu Quartarollo. Vocês valem ouro!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

POEMA O Crime

O CRIME

Folhas rebolam
            A tempestade as faz rodopiar
            Como ao som de um rebolado
            Com seus corpinhos frágeis, quase nus
            Meninas-crianças
Sobem e descem
            Simulando um mundo de adultos que um dia serão
            Privadas da infância
Cada vez mais estão.
Agora outra menina grita
Mas seu grito é pelo silêncio dos adultos
Quem lhe deixou sozinha, à mercê de um vilão?
Nenhuma novidade
Só repetição.
Não! Alguém denunciou o caso não casual.
Corre livre a girar a menina,
Mãe.
A tempestade passou...
Mas a ventania agita as folhas da sua vida.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Espetáculo Teatral "Histórias que foram e não Voltaram"

  Oi, amigos! Domingo, 13/10, os atores Jone e Bruno, do Grupo Semearte, Escola Jorge Coury, compareceram ao auditório do Sesc para receberem o troféu e os certificados pela brilhante  participação na XVII Mostra Estudantil do Colégio Piracicabano.

                                                               
                                                                   Valeu, meninos!




                 Quero felicitá-los pelo grande empenho e responsabilidade na atuação cênica e na criação do texto. Um domínio de palco, de espaço, surpreendente para quem pisou no palco pela primeira vez! Um autor jovem, dois jovens atores! Sob a organização de Márcio Abegão e o apoio da equipe "anjos", mais os comentários das quatro juradas, como Bêne Giangrossi e Tatiane Carcanholo, a Mostra comprovou mais uma vez a importância do teatro e a força e coragem dos estudantes e professores de Piracicaba e de outras cidades.  Valeu Abegão! E um forte abraço à Professora Josemaira Mendes, que esteve presente na apresentação e apoiou o grupo o tempo todo. Ao Camilo Quartarollo que, juntos, conseguimos dar uma forcinha aos talentosos garotos que, com certeza, terão um futuro promissor quer na área da dramaturgia, na vida pessoal e em qualquer outra área. A luz divina se faz presente na vivacidade de Jone e Bruno!! Parabéns e obrigada por me proporcionar luzes no fim dos túneis!
              Já participei vários anos da Mostra Estudantil, inclusive da 2ª edição, em 1994, levando as Escolas Jõao Conceição, Jethro Vaz de Toledo, Jorge Coury, Colégio Lúdico, e, percebo que tem crescido, apesar de ter diminuído a participação das escolas públicas.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SUPER BLOG!!

Oi! Indico este novo BLOG da escritora Ivana Maria de França Negri, responsável pela página literária no JP e na Tribuna. Muitos prêmios e livros... Grande ativista a favor dos animais, da flora, da vida e da paz. Acesse o seu blog, pois valerá a pena. É muitooooooo booooommmmmmmmm!!
        Abraços,
                Sou vegetariana por amor aos animais
 
 
 
 
"Se os matadouros tivessem paredes de vidro
todos seriam vegetarianos."


(Paul e Linda Mc Cartney)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mulher Água

  Lá vai um belíssimo poema de Ivana Maria França de Negri! Sinta os sensíveis detalhes de uma mestra!

                                                              
São tantas as águas,
suadas, choradas
mornas, salgadas,
frias, adocicadas
Todas sagradas.

Águas amnióticas
envolvendo a semente,
alimentando a vida
ainda dormente.

Águas-lágrimas,
de dor, de alegria,
de pura emoção!
Rios brotados
direto do coração.

Águas rubras,
espessas, grumosas,
pacto de sangue
a fluir todo mês.

Águas doces,
leitosas, branquinhas
brotando dos seios,
pingando macias
em ávidas boquinhas.

Águas porejadas,
destiladas, salgadas,
suores voláteis
da lida diária.

Mulher-cachoeira
Mulher-oceano
Vertendo rios, lagos, mares...
Águas de sedução,
jorrando amor
Mulher-água,
fonte da vida!