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terça-feira, 3 de setembro de 2013


 

Breve comentário sobre as andanças do Andaime...



 Acabo de ler o livro Andaime – Um Jeito de Ser, escrito pelo doutor em História Social e Mestre em Teatro, Alexandre Mate, com uma rica abordagem sobre a trajetória dos 25 anos do premiado Grupo Andaime de Teatro Unimep, lançado recentemente.  O livro contém, relatos dos integrantes do Grupo, dos diretores e autores, cartas, comentários sobre os onze espetáculos encenados e algumas cenas, entrevistas aos heróis que, em 1986, fundaram o Grupo - Antonio Chapéu e Carlos Jerônimo. Faço, então, um feedback de minha morada no grupo por mais de 10 anos. Não esqueço os bonecos do Elias, recriados na Itália, com maestria do nosso diretor, Carlos ABC, em 1999. Lá, o público recebeu o programa “Dove il Pesce si Ferma”. Ao término do espetáculo só se ouvia “Bravo! Bravo!” acompanhados por intermináveis palmas, vindas dos corpos em pé, como jamais visto, por cerca de 8 minutos. Aquela sensação ficaria registrada eternamente na memória de cada um. Seguiu-se um debate “pela plástica teatrale, scenne, capiamo tuto!!”, diziam. Depois chuparam cana - algo jamais visto por eles, nesta região fria- que as meninas iam descascando e repartindo em minúsculos pedaços, sobras da cena de “cuspir cana”, das irmãs Dora e Deleise (Luzia e Vania), “humm, é doce!!”.


O grupo pesquisou a emigração trentina do final do século XIX, nas cidades de Cortezano, Meano e Romagnano, com uma média de 600 habitantes. O objetivo? Acumular material para a próxima montagem do grupo, cujo tema ainda estava amadurecendo. Nestes vilarejos não havia escolas nem crianças. Predominavam os idosos e os cães. Deste último, um ou dois em cada casa.  Encontrou-se em ruínas a antiga residência de Bortollo Vitti, o primeiro italiano tirolês a chegar à Piracicaba, em 1977. Em duplas, entrevistamos alguns moradores. Mãe e filho receberam a mim e à Vânia com uma mesa farta de queijos, vinho, pães diversos, água e outros frios. Admiramo-nos com o grau de confiança demonstrada na calorosa cordialidade. Com dificuldade, mas com um enorme desejo de comunicação, conversamos. Tal foi a alegria do senhor ao diagnosticar que determinada frase ele finalmente entendera, após minutos de tentativas, que gritou em êxtase:  - Capito!! Io capito! -Rimos todos.



“Lugar onde o PEIXE para”, estreado em 1996, apresentado durante mais de 12 anos, a intenção do grupo era enfocar a historicidade do ser humano, em seus costumes, suas raízes e memória; deu-se destaque ao universo caipira na reconstrução de sua identidade. Assim surgem personagens como a Nossa Senhora dos Prazeres que fez “banana” pra cidade, a Cobrona, a Moça do Rio, a Inhala Seca. Destacam-se as brincadeiras, que inté minha filha Polyana, na época com nove anos, participou; a Festa do Divino com a catira, a congada e o cururu; o corte de cana, os conflitos da sexualidade na adolescência, as crendices, tendo como fio condutor a lenda do Rio. O jargão tão conhecido pelo Brasil afora “São as deliciosas pamonhas! pamonhas de Pi-racicaba...!”repetido por Denirso (Paulo Farias). Adeus Dora, adeus Francesca, festeiro do divino, beata, cortadora de cana, viajante... Até um dia, Irma (uma das 3 Graças). Parabéns a todos vocês e outros personagens que por mim passaram, levaram um pouco de mim e, um pouco para mim deixaram. Meus amigos e minha mãe Auda, senhora dos figurinos e cenários.