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sábado, 15 de dezembro de 2012



          FOGÃO COMPANHEIRO, ISTO É O QUE ELE É!
     
Eram galhos secos de árvores e arbustos, separados especificamente para uso doméstico, combustível para o velho fogão de lenha, que reinava único e exclusivo na cozinha. Em torno dele a família costumava se reunir, em geral no frio da madrugada e no vento fresco do anoitecer. Ficavam a admirar o vermelho rubro das brasas estralando, ajeitando a lenha que se afastava do bocal da panela, substituindo os galhos tortos que se consumiam.  Ou acrescentando gravetos para impulsionar o fogo. Na quina da parede com o teto da cozinha, algumas abelhas dividiam o calor do fogão com as pessoas; uma “casinha” comprida e estreita, de barro, feita por elas aos poucos, acomodava as moradoras, discretamente. As pessoas aqueciam as mãos no calor das brasas e tocava no rosto gelado. As crianças percebiam-se protegidas e amadas sentando-se na lateral do fogão a observar o ir e o vir da mãe, apressadamente, nos afazeres culinários e domésticos. Não se sentiam solitárias, sempre tinha alguém da família por perto, ou alguns animais. Os trabalhos socializados e essa proximidade favoreciam o respeito e a valorização dos progenitores e dos irmãos mais velhos, pois viam o serviço, participavam do funcionamento da casa.    
Em tempos de longo inverno, de manhã, Lúcia, uma garotinha de 5 anos, enrolava-se num cobertor, sentada ou agachada num canto do fogão, próxima à parede já aquecida, esquentava-se e mantinha somente o nariz de fora e assim ficava por horas na mesma posição, até o sol erguer-se.                                
            -Não dá trabaio, esta menina. -Dizia Seu Reinaldo, o pai, enquanto a mãe ajudava no café. Às vezes a aconchegava em seu colo e até cantarolava, e a menina acabava dormindo novamente, nesse aconchego, pois acordava na aurora.
            Talvez o fogão realmente representasse um aliado, amigo para todas as horas. Figura arquetípica de pai/mãe. Aquele que transforma o alimento através das mãos da mãe. Alimento que fora plantado e cultivado por todos da família. Com cheiro peculiar, cor e sabor do seu cotidiano. Quantas batatas doces foram assadas em suas brasas rutilantes. Milho verde!  
Todo dia a senhora Deolinda, com uma das filhas, vinha mais cedo da roça para preparar o almoço, punha nas marmitas de alumínio para os que ficaram trabalhando na roça. Acrescentava uma garrafinha de café com leite. Ajeitava tudo em uma ou duas cestas, retangulares, de palha. Garfo e colher também enrolados num guardanapo excessivamente alvo.  -Tá quentano a comida, mãe? Ué, a mãe tá chorano.- Pensava Lúcia. Não!  Era só a cebola que a mãe cortava para a salada.  -Ô mãe! Dexa eu comê uma marmita tamém? -Indaga ela, com vontade de almoçar de forma semelhante aos irmãos, na roça: sentia aquele cheiro saboroso que acompanhava o vapor da marmita quando a destampavam, provocando saliva em sua boca. E já “grudava” os olhos “gordos” na garrafinha de vidro transparente e com tampa plástica colorida, cujo cristalino do recipiente era um atrativo lúdico para ela. Então, quando estava capinando, semeando ou cortando cana, Lúcia recebia também a sua marmita, ainda quentinha, como os outros. Vez ou outra, um vidro com pimenta curtida no vinagre, com sal e cebola picada, preparada artesanalmente, aguçava o apetite. Espremiam-se gotas de limão ou de laranja na comida.
             A parada para o almoço era concomitante ao ápice da fome, por volta das 9 horas, verificadas pela posição do sol.  Saíam de casa com o terceiro canto do galo, após o café das 5 horas. A labuta era suada, daí chegar cedo a fome do almoço.
A batatinha cortada em grossas rodelas, refogada na panela de ferro, temperada com cebola ou alho era um dos alimentos preferidos e de longe se sentia o aroma característico. O arroz, o feijão carioquinha, mulato, rosinha ou jalo – vulgo “amarelão”-, a omelete feita com um ovo só e mais cheiro verde, farinha de trigo e fermento, os legumes e verduras com um cheiro próprio de recém colhido, um cardápio caboclo. A chaminé quebrando sigilo indicava a qualquer raro visitante que o fogão estava em atividade. Por causa da fumaça constante liberada, a parede da cozinha permanecia sempre escura, coisa que incomodava as vistas dos moradores.
Na hora da janta: -Ô, Rita!Cata mai paia de mio no paiol pra acendê o fogo, que essas tão acabando. -Pede Dona Deolinda. –E sabugo também, pra ajudá a queimá essa lenha ruim que sobrou. Ponha o resto no jacá pra mode dos ninho das galinha. Seu Reynaldo ia empurrando as brasas mais para o fundo, com um ferrinho. Acesas aos poucos, com auxílio de um fole, as nuances alteravam-se conforme a brisa soprava, com o matiz ora vermelho claro, ora mais escuro.
             -Bem que a mãe pudia fazê aquele meladinho de açúcar, duro e grudento.
-Não vamo fazê doce nenhum, agora. Vamo parando com esse pampero, que tem trabaio pra fazê. -Falou a mãe, com seriedade. -E lave essas verdura com cuidado, veja se não tem bichinho grudado nas foia. Regace as manga da brusa pra mode de não moiá.
            -Não coma na panela, que chove no seu casamento! –Fala Lucilene, a filha mais velha, corrigindo Lúcia, que se esbaldava em raspá-la.
            -Eu não vou casá mesmo, resmungou Lúcia.
            –E não coma na concha.
As meninas tinham um valor semelhante ao guardião e à guardiã do fogo na Idade da Pedra Lascada. Invariavelmente uma delas bafejava o fogo para aumentar as chamas e impedir que se apagasse.
Quando os tijolos do fogão vermelho iam-se amornando, as meninas limpavam o excesso de cinzas que se acumulavam nas bocas do mesmo, com uma pequena vassoura de cabo curto e um pano úmido. As unhas ficavam escuras. A cinza era reaproveitada para os canteiros na horta. Algumas vezes, era necessário respingar água para acalmar as brasas, em outras vezes, os pingos de água caíam sem querer e atrapalhava. Lucilene tampou a panela do buraco de trás e colocou-a na chapa junto à chaleira. Eram três os espaços para o cozimento. Puxou um “tampão” redondo, de ferro fino, e vedou um dos buracos para impedir que a fumaça se espalhasse. Ergueu ela a pesada panela de ferro, o fundo sempre impregnado de carvão, procedeu à limpeza de sempre.
Outro dia:
-Dexe um pouco pra mim. Me dá um bocado, um tiquinho só... Ô mãe, só elas querem raspá a bacia do bolo.- Reclama Lúcia sobre o resto da massa que sobrara.
-É nada! Tem um pitéco procê aqui- Diz Lucilene lambendo a massa do bolo, nos dedos. – Mai venha logo, que tá acabando, sua descabelada!Completa em sussurro.  
            Caiu um cisco no olho de Maria. Dona Auda prontamente já puxa um lenço, e com uma das pontas o vai retirando dos olhos da menina. Em seguida pinga leite.


Tico-tico e o bullying


Deleise, com seu cabelo preto enrolado e suas sardas em tom marrom que realçavam seu belo rosto oval, olhos pretos vívidos. Devido às sardas, os colegas da escola e o irmão viviam dizendo que quebrara ovo de tico-tico. Tratava-se de uma associação das pintas da face com os minúsculos ovos desse pássaro, repletos de pontos marrons, e as pintas na face.  A zombaria a magoava profundamente e até à adolescência isto provocaria crises de choro na menina.

domingo, 4 de novembro de 2012


PASSEIO, OVOS E BORBOLETAS


            Numa das visitas das primas, uma sexta-feira santa, Márcia ajudava sua irmã Lorena a colocar a cela na mula, sobre um “baxero” - pano que protegia a pele do animal-, apertaram a barrigueira, acertaram a corda. Não quiseram fazer uso do bridão, incomodava a boca do animal, este salivava e se inquietava.
            -E a espora, Lorena? –perguntou a prima Larissa.
            -Não precisa! nóis não tem. Munte na Lindóia com a Poly que eu munto com a Isis no Criollo, a pelo mesmo!- Marcia deu um tapinha no traseiro da mula que já saía entre recomendações de tomem cuidado!
-Galope não! -gritou Larissa apavorada, agarrando à cintura de Lorena, sobre o burro.
            -Segura firme, Larissa! Você tem medo até da Lindóia! -gargalhava Poly, ao ver a prima de sua idade, na sua garupa, escorregando da cela da mula mansa, tentando apoiar-se no estribo.
            -Quem chegá primeiro no barranco vermeião vai podê recoiê os ovo do ninho das galinhas – Lorena cutucou levemente o animal com os calcanhares, apressando o Criolo. Em alguns minutos chegavam ao destino.
            -Costa ôpa! –falou Lorena, encostando o animal no barranco. Saltou, ajudou a prima a descer e o atou a um toco seco, permeado de fartas touceiras de capim gordura.
            -Quieta! Xiiiuuu! -pediu Larissa, em vão, querendo se comunicar com a mula. Isis repuxou a rédea com a mão esquerda, enquanto, com o corpo inclinado à frente, a direita tocava o lombo e a crina aparada. Lindóia imobilizou-se e puderam descer. Amarrou a corda com um laço preso a um alto, fino e cheiroso eucalipto.
            -Olha só, que lindas! –Isis extasia-se com um par de borboletas pequenas fazendo malabarismos em ziguezague.
            -Estas estão quase sempre em duas, explicou Lorena, mas...vejam que baita borboletona ali no tronco do calipto. É cinzenta da mesma cor da casca da arvre.
            -É pra disfarçar, assim ninguém as encontra. Definiu Isis.
            -A natureza é sabida mesmo!! – confirmou Lorena.
            -Tem uma preta com uma mancha amarela, ali, olhem, que bitela!- mostrou Larissa, correndo atrás dela. –Olha lá, ali, ali!!!
            -Não pegue nela, que o pozinho das asa tem veneno pros óio!! –falou .
            As meninas se concentraram na tarefa: achar os ninhos onde as duas galinhas “peregrinas” estariam botando há alguns dias. Foram adentrando a reserva de mato, passaram por um capão, adiante algumas moitas dispersas cogitavam a presença de algum ninho. Lorena afastou os arbustos com as mãos e lá estavam eles: cinco ovos, dois deles rajados em marrom e três brancos, cuja dona já tencionava chocá-los, mas no momento saíra para se alimentar. Poly estendeu a cestinha de bambu e deixaram para as primas o prazer em recolhê-los.
            -Outro! Achei outro! -grita Isis, atônita.
            -Onde? –quis saber Lorena. – Ah, sua boba, não é nada. Isso é ovo de codorna ou de nambu, que adoram fazê ninho no chão.
            Andaram mais um pouco e encontraram o ninho; a prima grita, balançando o dedo:
            –Aqui, aqui!Tem um, dois, seis, oito!! Tudo vermelho! Não!!! Quer dizer, tem dois que é, que é ....azullll!! Nossa!!! Que legal!!!!
            -Como pode ser isso? -indaga a prima, pegando um na mão e o levando às narinas.
            -Não sei. Só sei que de vez em quando elas botam bonito, sabe?! -responde Lorena.
            -Vamos catá eles antes que a Preta vorte! Ainda bem que ela ainda não ta choca...Calou-se ao ouvir um co cócó, có  levemente rouco. Olhou para trás e observou a galinha que retornava aos futuros filhotes.
            -Que que foi Lo? -indagou Larissa, sem entender nada.
            -É, é dela o ninho, e já ficou choca! - esclareceu Poly, afastando-se.
            -Não ponha a mão neles! -gritou Lorena à prima Isis, que permanecia agachada junto ao ninho. –Já começô a chocá. Bem que a mãe desconfiava do jeitão da Preta.
            -Mas e agora? -pergunta a prima.
            -Dexa eles aí! Os ovo tão galado.
            -O que é isso?
            -O galo Alarico cruzou os ovo drento da galinha e daqui a.......dias vai nascê uma ninhada de pintinho. -Explicou Lorena.
            -Oito! -completou Poly.
            -É, mai agora dexem ela aí e vamo vê se tem ninho da Carijó e da Galega lá praquelas bandas, que elas não tão mai botano no paiol.
            -Lalá, ocê tá cheia de picão!  Ah ah ah !-Poly ria da menina cuja calça estava lotada de semente preta e fina. Ajudou a retirar um a um.
            -E oceis tão tudo com carrapicho. Pinica a mão, viu?! –fala Lorena, levantando a barra da calça para extraí-los. 
            Chegaram a casa exaustas, depois do banho no rio foram escolher o feijão na bacia, o arroz na mesa. Isis ficou fascinada pela destreza da tia Silvia abanando o feijão em uma grande peneira. Seus olhinhos acompanhavam o sobe e desce dos grãos, cuja palha ia caindo ao chão, permanecendo na peneira o feijão limpo, sem derrubar o feijão junto com a palha que “voava”. Tal era a agilidade do movimento que mal dava para perceber a existência dos grãos. Sua vista ficou embaçada e pediu à tia se podia fazer também. A resposta foi um não bem taxativo. Dona Silvia não pretendia perder todo o feijão colhido. A menina não insistiu. Palavra de tia não se volta atrás. Se bem que as suas filhas sabiam tranquilamente peneirar os alimentos desta maneira eficiente.
            -Lavem bem as mãos com sabão, pra janta. Tem água no barde ali fora, falou Dona Silvia, e disse também a Poly:
            -Poly, limpe este narótio, vamos?! –O nariz da menina desprendia o catarro, enquanto o cachorrinho Lulu abanava o rabo, tentando afastar-se das moscas inoportunas.          Marcia as amaldiçoava:
            –Saiam de mim!!!
            Na manhã seguinte, como já era costumeiro, acordaram de madrugada. Mas neste dia em especial, “quem ficar por último é mulher do padre”, um correndo mais que o outro para chegar ao rio e lavar os olhos. Só os olhos! A água ficava gélida nesta época do ano e a ordem primordial era “Junior, Larissa e Isis, lavem bem os zóio pra vocês terem boa visão pro resto da vida”.
             Dona Silvia foi orientando os sobrinhos na sua religiosidade e fé. Era sábado de Aleluia! E era costume lavar os olhos na água fria do rio antes de iniciar qualquer atividade neste dia. Superstição ou não, isso “garantia” uma boa saúde aos olhos das crianças, além de lhes propiciar um clima de curiosidade e magia contagiantes.
            -Mas se der dordóio é só pingar leite no olho, não é? -comentou a tia Ana ainda na cozinha.
            -Ah sim, é um santo remédio! -fala Dona Silvia espreguiçando-se.
            -Lave a fuça toda, Isis! pra se acorda! – Marcia alerta a prima que, com as pontas dos dedos lavava exclusivamente o canto dos olhos, com os pés fincados no saibro do barranco, à margem do riacho.
            -Mas tá muito gelada.Ui! –explica a menina sem pestanejar. –Sua mãe falou “os zóio!”. Atchim!!!
            -Saúde! -riram todos e começaram a jogar água para o alto. Correram à casa para se aquecer, brincando de pega-pega.
            -Figuinha! -Teca cruzou os dedos da mão direita, pedindo uma pausa na corrida. Parou para apreciar um pica-pau furando o velho ipê roxo. 
            Passaram pela porta da cozinha: Larissa sentada numa cadeirinha improvisada – Lorena e Isis com os braços entrelaçados transportavam a menina-, enquanto Marcia e Junior faziam o mesmo com Poly.  
            -Venham ver! Venha ver, mãe! Eu estou alta! –Larissa chama a mãe e a tia.
             -Não façam banzé! -lembra Dona Silvia.
           

sábado, 20 de outubro de 2012

Dicas de leites vegetais diversos - muito saudáveis




 Castanha de caju e amêndoa são bem saborosos  - Sua principal função no organismo é proteger os vasos sanguíneos permitindo que toda a circulação do sangue flua melhor. Fornece proteínas e também diminui o colesterol, etc.
Preparo: Um copo de castanhas para três a quatro de água. Bata, coe bem e obtenha quatro copos de saúde.

Arroz Integral - Um poderoso desintoxicante. Os nutricionistas dizem que o leite de arroz “descansa” os órgãos do corpo. Tem proteínas, vitamina B1 e niacina, responsáveis pela transformação das proteínas e carboidratos em energia.
Preparo: Deixe de molho por oito a dez horas, dois copos cheios de arroz. Leve ao fogo com o dobro de água. Exemplo: dois copos de arroz para quatro de água e assim proporcionalmente. O arroz deve ficar ao fogo sob a medida da mão, ou seja, assim que a mão não suportar mais o calor, é hora de desligar e abafar. Bata e coe várias vezes seguidas. Dois copos de arroz rendem meio litro de leite.

Quinua -Comparada ao leite materno em valor nutritivo, a quinua é riquíssima em proteínas e, segundo os antigos incas, o alimento mais rico do planeta em aminoácidos e vitaminas.
Preparo: Coloque de molho por oito horas um copo de quinua em grãos. A seguir, bata no liquidificador com três copos de água filtrada ou mineral e coe por três vezes. Rende cerca de meio litro de leite.
Semente de abobora - Verdadeira mina de ferro, fósforo e cálcio, combate anemia, ajuda na formação de glóbulos vermelhos, na oxigenação das células e na formação de ossos, músculos e cérebro. Limpa os intestinos e combate vermes. As sementes frescas são indicadas para náuseas e enjôos das gestantes.
Preparo: Para obter um litro desse néctar de saúde, separe um copo de sementes e deixe-as de molho por uma noite. De manhã, bata com três ou quatro copos de água filtrada. Coe bem.

Aveia - A aveia é um cereal importante na alimentação dos diabéticos, pois contém fibras solúveis, que auxiliam no controle da glicemia. Protege o coração e a circulação contra a aterosclerose. É rica em cálcio, ferro, magnésio, vitaminas do complexo B e por conter fibras, facilita o fluxo intestinal.
Preparo: Separe um copo de aveia em flocos. Hidrate em água por uma noite. Na manhã seguinte, bata com três a quatro copos de água, coe e obtenha um litro de leite. 

Soja - Um grão de “bom senso”, tamanho o seu equilíbrio nutricional. Possui fósforo, magnésio, ferro, cálcio, cobre, diversos aminoácidos essenciais, e doze vezes mais proteína do que o leite de vaca. Por ser altamente nutriz, a soja não só revitaliza como proporciona uma verdadeira regeneração celular.
Preparo: A soja necessita ficar de molho no mínimo seis horas. Após esse período, bata-a no liquidificador na proporção de um copo do grão para três de água filtrada ou mineral. Coe em um pano, espremendo bem o bagaço e leve o leite ao fogo até ferver - com cuidado para não entornar. Após levantar fervura, abaixe o fogo e deixe-o cozinhando por 30 minutos. Um copo de soja dá cerca de dois litros de leite. Seu resíduo, a okara, também precisa de cozimento antes de ser reaproveitado como alimento.

Gergelim - O gergelim é ótimo para os músculos e o cérebro. Tem muita proteína e ácido fólico, essencial na formação das células sanguíneas.
Preparo: Um copo de sementes de gergelim dá quatro copos de leite. Deixe as sementes de molho por oito horas e bata com quatro copos de água. O resíduo do gergelim batido pode virar um delicioso “queijelim”. Acrescente azeite, sal, orégano e misture bem até atingir a consistência de corte.

Castanha do pará - As castanhas-do-pará são conhecidas como “pílulas da felicidade”. Cada uma possui 60 mcg de selênio, um importante antioxidante que varre as impurezas das células. Contám ainda vitaminas E e B1, que exercem papel importante no metabolismo das proteínas e na geração de energia.
Preparo: Um dos mais saborosos! É como tomar leite vindo diretamente da castanheira… Deixe um copo de castanhas pré-lavadas de molho por cerca de oito horas. Bata com quatro copos de água - sempre filtrada ou mineral - para obter três copos de leite. Por ser um leite mais gorduroso, o leite de castanhas precisa ser coado quatro vezes. 

Girassol - Talvez sua principal propriedade seja a de ser um antioxidante poderoso, protegendo o organismo contra a poluição, o estresse e o envelhecimento precoce. É rico em proteínas e contém minerais como fósforo, cobre, ferro, zinco e vitaminas B6, E e K.
Preparo: As sementes utilizadas podem ser com ou sem casca. O importante é que não contenham sal. Deixe um copo de sementes pré-lavadas imersas em água por oito horas. Em seguida, bata no liquidificador com três a quatro copos de água filtrada. Coe bem para obter cerca de meio litro de leite “regado pelo sol”!


Todo leite vegetal pode ser tomado puro ou adoçado com melaço, açúcar mascavo, etc. Vale inventar e criar suas próprias receitas. Eles combinam muito bem com frutas e podem ser batidos no liquidificador com banana, mamão, maçã, abacate, até abacaxi.
Também ficam ótimos com frutas secas como ameixa-preta (sem caroço), damascos e uva-passa. Uma boa opção é deixar as frutas secas de molho por algumas horas antes de acrescentá-las ao leite, para que fiquem mais macias e soltem com facilidade seu açúcar natural.
Os segredos que fazem toda diferença:
» Lave bem os grãos antes de começar o processo de “tirar o leite”.
» Todo resíduo poderá ser reaproveitado em sopas, mingaus, assados ou na confecção de pães e tortas.
» Para obter uma consistência homogênea, os leites vegetais necessitam ser coados de três a quatro vezes em peneira fina ou pano macio. Coe, separe o bagaço e volte a coar sucessivamente. No caso de optar pelo pano, faça um saquinho largo e reserve-o só para esse fim. A vantagem do saquinho é que com ele pode-se “ordenhar” os grãos - o que dá uma sensação especial e gratificante.
» Os leites vegetais não toleram temperaturas elevadas. Conserve-os sempre em geladeira e se precisar aquecer, não deixe ferver, pois podem talhar. O uso da canela é indicado quando o leite for aquecido

Parente ninguém desmente



         
              Depois que Eduardo foi contratado por seu tio Alfredo, ex-prefeito da cidade de Mirabó e atual deputado estadual, suas chances de galgar degraus sem muito esforço e de garantir o futuro, principalmente o presente, de sua família, aumentaram como num passe de mágica.
           Eduardo, assessor do tio, estava bem próximo da esposa que, contratada, o assessorava. As brigas com os filhos gêmeos, se já eram constantes tornaram-se descontroláveis, pois ambos secretariavam o pai e a mãe e, para completar, as noras atuavam na administração de uma empresa pública, indicadas pelo tio e pelo sogro, evidentemente. Nada tenho contra gêmeos, entenda bem, caro leitor e assídua leitora, apenas considero a semelhança macabra, pois comprova o parentesco, sem qualquer exame de DNA ou apresentação de RG. 
        Quando o deputado Alfredo faz a passagem para outra dimensão, ou seja, aos mais entendidos “bateu as botas”, deixa seu passaporte ao sobrinho Eduardo, elegera-o seu sucessor dentro do mesmo partido – poderia ser de outro, que não faria diferença – por meio de uma campanha fraudulenta, com compras de votos, é claro. Desculpem-me pela franqueza, mas nos últimos 12 anos ando desacreditada de política, não da verdadeira política que, a meu ver, em tudo está inserida e digna de confiança, esta não, pois esta, creio, só existe no plano da utopia e na cucanha.
             Poderia eu apostar nos gêmeos, ou em Eduardo, que é filho único e nada sabe das partilhas e das concessões entre irmãos, ou em qualquer outro nome, como um amigo artista que se candidata a vereador com o intuito de pôr a mão na massa e alterar o sistema?            Também já aspirei me candidatar, ir candidatando, cândida, atando, ganhando as eleições... até ser presidente do Brasil, porém sei que minha sensibilidade me faria vomitar as tripas e quero morrer d’outra forma mais serena. 
         E quando nasce o neto de Eduardo, este logo vai dizendo, ainda na maternidade “há de se cuidar do broto...!”, confirmado pela esposa “tem de pôr o pé na profissão, meu futuro assessor!” O bebê, tão bem alimentado, desconhecia ainda a fama da família, mas intuía que algo ali não lhe pertencia. Crescido, deu um basta no nepotismo e partiu para a literatura, semeando ideias de generosidade e sabedoria. E olha, não era aquela época do coronelismo no Brasil, não, viu!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012


NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI
                (Eduardo Alves da Costa)

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.
Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas no tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.

Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.
E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita – MENTIRA!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Iniquidade





Inerte, o corpo de João jazia

Seu pai, Jordão, noutro dia se aposentaria

Policial honesto era a sua profissão

E agora jorra lágrimas em profusão

 

João vinha do cinema

Para a simples casa em Piracema

Num flash o tiroteio

O garoto no meio

 

Mal pode virar seu corpo

Correr nem pensar

A bala o atravessou

De modo ímpar não par

 

Pai Jordão largou as armas

Sem serventia na dor

Armou-se de compaixão

De compaixão e furor

 

Acalentando o belo filho

Num caixão de rosa em flor

Nada lhe parece real

Nem o botão murcho nem a sua dor

 

Fala anestesiado

Sua face negra, cansada

“João, meu filho, irmão!

Trilhará facilmente a sua evolução!

 

Não verá o egoísmo e a exploração

Não sofrerá violência

Nem corrupção ou torpeza

Será um farol na imensidão”

 

Finda assim tal história

Como tantas iguais por aí

Sem razão sem memória

Largo minha caneta aqui

 

 

 

SÔFREGO

 

-Ai, tire seus pés imundos de mim!

Sentenciou um tapete vaidoso

 No seu leito de morte.
 
(II Conc de Microcontos de Humor de Piracicaba - 2012)
 

domingo, 2 de setembro de 2012




PRIMAVERA NOS DENTES 


Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
Que no centro da própria engrenagem
Inventa a contra-mola que resiste.
Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade decepado
Entre os dentes segura a primaveraaaa!!

(Lindíssima Música de Ney Matogrosso/Grupo Secos e Molhados. Amo de paixão esta música, melodia e letra!!)

domingo, 19 de agosto de 2012

DESAPONTAMENTO




Ana corta cana
Planta banana
Colhe arroz e ervilha
É boia-fria.
Com a chegada das máquinas
Ana não mais corta cana
Não planta banana
Não tem mais boia
Nem quente, nem fria!



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

POLYANA



(Uma singela homenagem aos 25 anos de minha filha, completos amanhã, com muita sabedoria, força e sensibilidade! Parabéns, querida, a quem tanto amamos!) Compartilho com vocês, leitores, esta nossa alegria.


  Poly

       Ana

            Polyana

Lembro-me de ti bebê

Mãozinhas e pés fofinhos

Robson e Cruzoé

Eram os nomes de teus pés!

Teu sorriso manso

Envergonhado e franco

Os olhos vívidos, jabuticaba

Que saudade de ti!

Já fui tua morada

Quando pequenina

Em meu útero espreguiçavas

Davas chutes e cotoveladas

Teus movimentos, aqui de fora,

Mamãe e papai acompanhavam!

Engatinhavas

Brincavas no chão

Falavas com os objetos

E criativa, já improvisavas!

Pele morena 

Covinhas aqui e acolá

Pequenina boca que me beijavas

Biquinho fazias e à família encantavas

No colinho da vovó

Um abraço nas tias

Teu rosto, um quadro

Uma pintura

Eras obra de arte pura!

Hoje caminhas

Corres, estudas

Trabalhas

És mulher

Sensível e decididaNão mais Polyana-meninaMas PolyanaMoça

Moras com as amigas 


 Na república

Um cantinho aconchegante

Com tua gata Lalá!

Tão longe aí em Floripa 

Saudades, eu aqui em Pira!


segunda-feira, 6 de agosto de 2012


JOSIELLE

Josielle, a menina,
Largou a TV
Largou o DVD
Largou computador
Foi tomar chá 
Deixou o celular
Deixou o MP3
Deixou o videogame
Queria outra forma
De se entreter
Pegou um livro 
E foi ler
-Sensacional! falou seu pai
Vou ser assim quando eu crescer!

(Com carinho para a minha sobrinha amada)

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

MÃOS DE LUZ

Mão no laríngeo
Outra no frontal
Uma no coração
O timo?! requer atenção!
Os plexos
Solar e umbilical
No chacra raiz
Um tempinho a mais
Um tempinho nos pés
Um tempinho nas mãos
Pulmão, rim, lombar
Também querem uma mão

Mãos de fogo
Mãos de luz
Energias e fluidos universais
Equilibram corpo e alma
Giram força vital
É o Reiki oriental!

Amigos, convido-os a conhecerem a Reflexologia podal (massagem nos pés, terapia em que se pressiona os terminais nervosos nos pés, prevenindo doenças, eliminando dores e tratando doenças).  Instituto Melin (V. Independência). É muito bom!! Fone 3433 9337 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

De ponta-cabeça

A casa estava sempre limpa, apesar da areia do quintal em frente à cozinha e da terra roxa ao redor. Assim como as roupas e o asseio do corpo que a mãe fazia questão de inspecionar e orientar. Ao menos uma vez por semana verificava se havia cascão nas orelhas, nas duas orelhas dos cinco filhos e também no umbigo; cuidava da higiene bucal, via se estava na hora de cortar as unhas, se havia “bicho-de-porco” ou “bicho-de-pé”, vulgo “batata”, nos pés. Ai! Como era prazeroso esse ato de carinho da mãe, com sua agulha de costura, em mãos firmes e atenciosas, cavava um buraquinho na pele, contornando “o bicho- de pé” até extraí-lo com destreza e coragem; dava uma coceirinha gostosa e um alívio no local. Outras vezes, era o estrepe no pé de uma, no pé doutro. Aos domingos, ao raiar o dia, a mãe, Dona Nice, pegava os filhos menores, um a um, enchia de água morna a bacia de alumínio, enganchava a criança em seu quadril e lavava a cabeça, geralmente com sabonete ou sabão. Shampoo era coisa para “gente chique”, da cidade. Às vezes, ela completava a limpeza com folha de babosa. Os cabelos ficavam sedosos. Ocorre que, fosse por hábito ou por compreender que este era o único e melhor método de se lavar a cabeça dos pequenos, para evitar que a espuma infiltrasse nos olhinhos, Silvana se sentia incomodada naquela posição desajeitada: cabeça na bacia, pernas entrelaçadas na cintura da mãe e braços agarrados em seu pescoço. Parecia até uma brincadeira, mas a água e a espuma que escorriam em seus olhos e ouvidos era sinal de tortura ou sufocamento natural. Não entendia por que a mãe precisava carregar todo esse peso em seu colo e fazê-lo desse modo tão complicado. Na ora de penteá-los outro “martírio”. Não usavam creme e os puxões com o pente eram inevitáveis. Apesar desse ritual inquietante, o sol de domingo tinha uma cor, um cheiro no ar e uma vida diferente dos outros dias da semana. Mais bonito, alegre e aconchegante. Isso transparecia no rosto de cada membro da família! Era domingo!! Durante a semana os banhos eram supervisionados pelas irmãs maiores, que iam trocando de água ou jogando-a vagarosamente com um jarro sobre o corpo já ensaboado, na bacia maior. Na hora de dormir lavavam somente os pés. -Cuidado com a corrente de vento. Põe logo a roupa e não saiam lá fora dispoi do banho quente, senão pega resfriado!! –Lembra Dona Nice às crianças. Fazia parte da higiene pessoal das crianças a captura de carrapatos e micuim que se proliferavam pelo pasto e pela mata em determinadas épocas, vindo a pular para o corpo quente das crianças e dos animais. Era um Deus nos acuda: todos com dois ou três carrapatos, quando não, inúmeros. Uma coceirinha gostosa e lá ia Dona Nice com um pano embebido em álcool, temperado com ervas ou não, retirando um a um, para alívio dos pequenos. Os que não pegavam o artrópode tinham inveja dos irmãos que recebiam cuidados especiais da mãe. Achavam que micuim era outro tipo de aracnídeo. Somente na cidade, quando adultos, é que tiveram a grande revelação para espanto e decepção: “o micuim é o filhote do carrapato, sabia, mãe? Ou, o carrapato é pai do micuim?!” –Disseram. Ações cotidianas que demonstravam carinho e afeto uns aos outros. Esses momentos de proximidade física com a mãe eram apreciados pelas crianças. -Abra a boca, menina! Língua pra fora, vamos?! Era a voz forte de Dona Nice, impondo com uma colher goela abaixo o remédio. -Não quero! É muito amargo! -É pro seu bem, Silvana! Qué ficá pelando de febre otra veiz? -Ahhhh, hummmm.....Credo! -Óleo de figo de bacalhau eu não tomo! –Adiantou Arlinda, a outra irmã, já se desviando do olhar de sua mãe. Arlinda conseguiu escapulir do tal remédio “que dava ânsia”, Silvana, não. -Viu, foi rápido e você nem sentiu nada. -Dona Nice dizia isso apertando o nariz de Silvana, para que engolisse o remédio e sem sofrer com o acre sabor. Fazia isso sempre que as crianças se negavam a tomar o remédio. Aprendera com sua mãe e tias e se sentia segura em fazê-lo aos filhos, visto atingir o resultado. A matriarca tratava gripes, tosses, dores de barriga, de ouvido, de garganta e disenteria com ervas medicinais da horta ou doutras espalhadas pela mata, como poejo, hortelã, erva doce, broto de goiaba, alho curtido no limão com sal, canela, cravo, agrião. E quando apertava a gripe Dona Nice recorria ao Sr Taufik, um médico espírita, portador de extrema generosidade, que atendia voluntariamente no bairro Sta. Terezinha. Doava xarope, comprimido para lombriga, e ia dizendo: -Estas vitaminas são para as crianças, leve esse para a senhora também, está muito magra e fraca Dona Nice. Precisa tomar fortificante e descansar de vez em quando. -Mas, como, Seu “Tufí”, se eu tenho tanta coisa pra fazer? E o Aléssio, o senhor sabe, anda com dor nas “cadera”, às vezes no estamo e o reumatismo não larga ele. - E assim o sereno homem ia consolando, curando, ensinando e ouvindo as vicissitudes de cada um e aprendendo também. As filas se perdiam de vista, as crianças aproveitavam para brincar. Todos ganhavam um pão com leite quente enquanto aguardavam sua vez no demorado atendimento. Ninguém reclamava. Não possuíam cabedal para a compra de medicamentos. Agradeciam apenas!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Agradeço a todos que compraram o livro A colecionadora de ovos no site da editora Patuá. Quem desejar lê-lo pode pedir www.editorapatua.com.br, que será entregue em sua casa. 

terça-feira, 26 de junho de 2012


"O VIDA BOA KIDS é um programa do mundo infantil, direcionado a toda a família. Mostra os segredos da infância, favorecendo uma melhor interação entre os pequeninos e os adultos. Veja os horários de exibição do programa, e não perca! • Canal 25 (NET) Domingo 13h Terça-feira 13h30 Quarta-feira 18h30 Quinta-feira 8h30. Inscreva seu filho (a) p/ participar do programa, é muito fácil, basta preencher todos os dados e enviar e-mail para contato@vidaboakids.com.br".
- Parabéns aos alunos do Infantil (3 a 5 anos) e à querida professora e amiga, Viviane, do COC; 
Vida Boa Kids - www.youtube.com


EM MINHAS MÃOS OS BICHOS

Lagarto, lagartixa...
Quando criança eu os pegava na mão
Sem temor, sem frescura
Grilos, gafanhotos, trenzinho, joaninha
Era tudo animação!
Qualquer um em minha mão subia
O galo garnisé, marrecos
E a galinha angola

Crescida, na cidade
Um dia ouvi que perereca
Era medonha e muito fria
Passei a acreditar 
Nesta nova informação
Que ironia!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

                               Professora de HISTÓRIA, Jovenice, a Gil, minha amiga de juventude...
                                 Alunos da 7ª série da EE Maria de Lurdes Cosentino,em Sta Terezinha

                                         Atividade cênica literária...
                                                                                                     Maio de 2012

Abraços à querida e esplêndida professora Gil, aos gestores, funcionários e alunos da 7ª série. Valeuuuuu!!!

terça-feira, 12 de junho de 2012


                                 COMO FOLHA DE COQUEIRO A DESPENCAR


       O olhar parou na única folha seca, quase despencando do alto, próxima ao chão do canteiro da avenida, vinda de um coqueiro de tronco mais grosso. Glaucia no ponto. Espera o primeiro ônibus. O último a deixará na esquina de uma das quatro escolas onde trabalha. “É um trabalho, não um passatempo!”, reflete ela.
Sente-se cansada, nos seus trinta e nove anos, 16 nesta profissão de docente. Cansada, não de uma canseira cotidiana e banal, mas de uma canseira acumulada e que extrapola qualquer entendimento. Apesar disso, notou que as folhas de baixo, as mais velhas, murcharam e pareciam morrer primeiro, mas nem sempre é assim, ponderou. Quando chegaria a vez dela? A própria morte não a incomodava, sabia que iria a qualquer momento, mas estaria pronta para o embarque, sem malas? “Tantas pessoas já pareciam mortas!” 
Em sua maleta – aquela que vinha “paquerando” na loja, cara, mas bonita e prática, agora havia livros, diários de classe, 500 avaliações já corrigidas no final de semana, apagador, biscoito integral, garrafinha d’água, uma banana, os passes de transporte coletivo, lenços descartáveis para a rinite que a atacara nos últimos anos. – Consequência dos sapos que você engole! – ouvia sua terapeuta holística falando precisa pôr pra fora! 
Glaucia, há tempos, jogara tudo para fora. Vamos aos acontecimentos. 
“A porta é serventia da casa!” – dissera, na ocasião, ao aluno Peterson Sidnei quando este a enfrentou com sorriso distraído e irônico.
– Você não sabe distinguir a democracia de uma ditadura! – disse ela, gritando – apesar de que, às vezes, nem eu consigo fazer a distinção! É o poder do povo, da maioria!!!  – continuava gritando e olhando fixamente aquele garoto. 
Não suportando mais:
 –Vou baixar também o nível.  Já baixei – foi em direção a ele, que ria dela.
 Quando ela pôde ver-se não gostou do que viu. Estava sobre ele, com as mãos no pescoço do adolescente, quase deitado sobre a mesa da “mestra”. Ela deu-lhe um xeque. Mate. Sim, era ela. Glaucia, que já havia tentado, noutro ano, outra ideia: passara a seguir um jovem aluno pela sala de aula, caminhando atrás dele e imitando os seus gestos. Durante quase dez minutos susteve a farsa, que acabou quando ele, Fagner, sentou-se em sua cadeira e abaixou a cabeça sobre a carteira.  “Achei que o meu teatro servisse para alguma coisa, oras bolas!” – pensou ela, confusa.
No ponto de ônibus olha agora em direção ao cacho de coquinhos acima das folhas, também seco de um marrom cinza. Murchou antes de amadurecer, ainda em floração. Que estranho, observou ela, o que lhe teria acontecido para pular etapas de maturação? Teria similitude com aquela adolescente de 17 anos, a medíocre Carolina Andreza, a viva-morta antes de frutificar? Mas quanto tempo aquele coqueiro permaneceu florido? Tempo suficiente para acolher abelhas, borboletas, pássaros, formigas ou lagartas?...
 Observa o relógio no pulso, ônibus atrasado de novo. Coça o queixo como de costume, remexe no bolsinho externo da maleta, talvez para disfarçar os olhares de estranhos. Um ônibus?! Não era o seu! Bocejou com os supostos olhares dos passageiros no ônibus que parara e sentiu suas ansiedades e tensões. Mentalizou luz colorida a eles e fez uma oração, afinal tinha tempo ainda. Achou melhor sentar-se, porém o banco de cimento gelado estava quebrado e servia de rampa aos skatistas menos habilidosos, quando o vai e vem nas calçadas diminuía nos finais de semana. 
Na possibilidade do atraso (ela detestava atrasar-se), já via alguns alunos dizendo à porta  “por que veio hoje, dona?” 
“Meu nome é Glaucia, prazer, queridos!” Sentiu-se indigna e vazia, “nem sabem nosso nome, somos apenas Dona, não sou dona de nada, só de meus conhecimentos.”  Lembrou do outro “botar tudo pra fora”: mandou um aluno do supletivo procurar um psicólogo e parar de lero-lero. Este se virou pra frente da sala – até então estava sentado, de costas para ela. Foi chutando carteira, xingando em sua direção e fazendo-lhe ameaças. Ela não reagiu, os colegas o seguraram, estava dopado. Ela não percebera, e na próxima semana a professora iria para casa olhando pra trás a cada dois passos.  “Que sufoco, ufa! Mas o ano letivo estava terminando, ainda bem, refletiu em sua angústia solitária”.
Sua atenção desviava-se agora ao som das andorinhas, em coro afinado. Pareciam tão felizes. As folhas verdes do coqueiro balançavam com a brisa daquela manhã, exceto a que secou; outros coqueiros avizinhavam-se em linha reta, pareciam também animados com a brisa, mas onde estava o bando de andorinhas? Forçou o olhar nas vastas folhas, nada! Se não queriam expor-se, tudo bem, um direito do bando! Concentrou-se a ouvir os seus gorjeios, fascinada. 
– Por que tenho de vê-las? As andorinhas são reais e pronto! Livres! Queria ser igual a elas, não ter de enfrentar os alunos e entristecer-me novamente, salvo as maravilhosas exceções. E o ônibus? Na certa quebrara de novo! 
– E se eu desse meia volta e fosse pra casa, era ali tão pertinho, ai, ai, ai... Aí não terei de almoçar na escola, de marmita, mas... As andorinhas silenciaram-se, para onde foram? 
Pegou o batom da bolsa, passou um pouco nas bochechas, o blush havia acabado. Riu sozinha, disfarçadamente. Voltaram imagens constrangedoras e bizarras do passado. Um dia, ao ser impedida por um adolescente que não era  aluno  de  sua classe de  retornar  a sua sala de aula onde 
desenvolvia um seminário riquíssimo, algo ocorreu. O aluno, com o braço no batente da porta, conversava com um colega lá do fundo, ela pediu licença a ele e, sem ser atendida, radicalizou. Sem raciocinar, usou a única arma que lhe veio à mente: ao ver o braço dele, peludo e bonito, bem à altura de seu rosto, não pensou duas vezes, tacou-lhe os dentes, obrigando-o a retirar o braço da porta, num grito. O latão de lixo foi chutado. Tumulto. Glaucia processou dois alunos por impedirem-na de exercer sua função e desrespeitarem o seu direito de ir e vir. Pôs no B.O tudo que pôde.
E ainda, imagens de começo de carreira invadiram suas lembranças. Numa aula noturna aproximou-se de um  jovem que  a  vinha incomodando  e  fazendo  ameaças  desde  o  início do ano 
letivo, sentado ao fundo da sala.  Era junho, ela apontou o dedo em riste para ele, sem que os da frente vissem, com um sussurro, discreta, abaixou-se à frente dele e delicadamente o ameaçou, em blefe: 
– Olha! Eu, se fosse você, a partir de hoje iria embora olhando bem pra trás e tomaria cuidado com a sua casa. Você não me conhece e tampouco a quem sou ligada, é um estalo de dedo e já era, sacou, bicho?
 Afastou-se sem testemunhas e continuou a aula. Eduardo Jonathas, branco, arroxeou-se, e as aulas caminharam com destino diferente a partir daí. 
– Tive que apelar, porém, só assim conseguiria trabalhar. Nessas condições, somente os loucos podem realizar proezas impossíveis aos normais, concluía. 
Finalmente o transporte chega. Não era o seu, ainda! – É! O ônibus quebrou de novo mesmo. – Pensava, trêmula, na sala de aula, enquanto lembrava das carteiras novas já com caras de velhas. Que autoridade? Por que não desafiam o governador, o secretário ou o raio que o parta? Quem suporta o barulho? A chamada de presença obrigatória? “um saco!” E pedir, então, por favor, por favor, por favor, a aula toda para desligarem o celular, a música ou blá blá blá blá no ouvido.  Glaucia revive o dia anterior: sentando-se atordoada – raramente sentava – leva as mãos aos ouvidos, põe o protetor auricular “ou talvez eu devesse ouvir música também” e diz a si mesma:
– Quero o silêncio daquelas andorinhas, não quero me transformar no jovem cacho seco do coqueiro, nem no conformismo da maioria.
Pela lista do diário de classe – possuía 18 diários – chamou Jimmy, aquele que nunca era visto com os apetrechos tecnológicos proibidos durante as aulas, só no intervalo, e notando que faltava há mais de uma semana, indagou:
– Onde está o Jimmy? Alguém sabe dele?
– Morreu, Dona. – disse Mônica, a menina de cabelo chapinha, com MP3, e meio indiferente. E completou: – morreu atravessando a estrada. É, Feio! ce não credita, pergunte pro Jesus. – disse olhando cinicamente ao colega do lado. 
– É nada, Dona! O trator caiu em cima dele, não sobrô quase nada, é isso aí!
Assustada, perdida, ainda teve tempo de ouvir uma terceira e quarta opiniões, as de Nádia e as de Kevin Marcel:
– Jimmy não veio porque o pai tá preso, desempregado, o irmão foi espancado e ainda por cima pegou fogo na casa dele. Isso é tudo, professora!
Uma chuvinha miúda recomeça, a professora se espreme num canto, mas teve de abrir a sombrinha colorida. Adorava andar com sombrinha quando chuviscava, “é romântico!”. Mais uns oito minutos passam-se, as preocupações e os temores se fortalecem enquanto encara os ponteiros caminhando atrevidamente. Abre a maleta, pega o antidepressivo e o calmante, atira-os à lixeira umedecida pelos pingos. A chuva diminuíra. Agita a sombrinha rapidamente para as gotas caírem. Fecha-a com delicadeza habitual. Aperta a maleta na mão esquerda, mantendo a sombrinha na direita, vira-se e sai em direção a sua casa. “Vou mudar de profissão, plantar coqueiros, quem sabe!”
Meses depois, ao passar pela Avenida, Glaucia percebe que aquela folha seca quase desprendendo do coqueiro, em frente ao ponto de ônibus, ainda estava lá, segura, firme, ligada ao tronco do coqueiro, uma fortaleza. 
–É realmente incrível! Como pode?!
              


Este conto foi recentemente premiado no XXXVII  Concurso de contos da ANE (Associação Nacional de Escritores). Fico feliz em compartilhá-lo com vocês.
Uma homenagem aos professores batalhadores e aos alunos que um dia ou  muitos dias perturbaram minha vida.  

quarta-feira, 30 de maio de 2012


Amigos, trascrevo aqui e agora, a crítica que a escritora Ana Marly Jacobino publicou no "Prosa e Verso" do Jornal A Tribuna Piracicabana, seção "o que você está lendo?"  do dia 26 de maio:

 Estou lendo o livro: "A Colecionadora de Ovos”

Autor: Luzia Stocco

Editora: Patuá

Gênero: Contos


Percebo nos contos uma perspicaz compreensão da escritora para a mente feminina, e, o maior desafio é tentar decifrá-la. Saber o que a mulher deseja identificar quando está em crise, ou, em quadros considerados disfuncionais, é muito bem explorado pela escritora. A realidade é que o universo feminino é altamente complexo. Entender, explicar por palavras; o que as mulheres querem saber ao certo é a verdadeira incógnita.

Luzia Stocco nos seus contos escreve sobre a feminilidade, onde quer que ela se encontre: seja no homem, seja na mulher. Feminilidade esta, elaborada por Jung como: “anima”a faceta feminina do homem e de “animus”,a faceta masculina da mulher.

É bonito descobrir que o problema, que parecia insolúvel para um personagem, vira algo inusitado no decorrer da narrativa de alguns dos seus contos.

Tal qual, a tecedoraPelopia” da mitologia grega, a escritora tece com palavras as narrativas e o leitor vai se envolvendo na tessitura das histórias na bela voz da sua solista, a escritora: Luzia Stocco.


Gratidão, Ana Marly!