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domingo, 21 de agosto de 2011

O ESPERTINHO


                             
Quando criança, vestia roupa verde
Crescido, uso marrom
Se eu quiser colorido,
Ups! Não dá, não!
Sabes quem eu sou?
Conheces minha morada?
Somos família bem grande
E não temos empregada.
Vivo onde me levarem
Cresço rápido, sou assim!
Simples, mas também complicado,
Ai! Adoro ficar num jardim!
Igual a ti, quero água!
O sol, a noite, o ar e a chuva...
Se só sol, ou, se só chuva
Desequilibro, adoeço!
Ahh! Meus vizinhos, que são muitos
Padecem do mesmo mal.
Quase nunca estou sozinho, a tudo compartilho.
Crescido, sou debulhado
Vendido e comprado, com outros, ensacado.
Cuidadosamente preparado
Servido, sou elogiado!
Fui útil, respeitado!
Sou um feijão
Que um dia foi semeado.

- Quero aproveitar e convidar aos amigos e amigas a prestigiarem a apresentação da orquestra, coro ( no qual participo) e balé Tchaicovsky, com o MAESTRO Fernando Villate Ortiz - Lar dos Velhinhos, dia 28 de agosto (domingo), às 16h, entrada gratuita. Com direito à ópera e solistas. Agradeço com um grande abraço a todos vocês!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

      Um saudável relacionamento entre uma mãe e seu filho adolescente. Juntos, compõem a família, mais o cachorro Morcego, e irão enfrentar situações difíceis e situações engraçadas.  A história é permeada por valores e questões éticas, predominado o bom humor e o altruísmo do garoto Nino. A mãe, Dona Alzira, é costureira dedicada, encontra um enorme botão reluzente, que será utilizado por Nino para compor seu clown (palhaço). Vem à tona o palhaço  que reside, muitas vezes escondido e medroso, dentro de nós, criança ou não.
 A inspiração veio, em grande parte, de minha mãe, Dona Auda, que foi uma grande costureira, aqui em Piracicaba, além de ser exemplo de luta, coragem e sensibilidade.  Era pura generosidade e sabedoria, seja nesta profissão, anteriormente como lavradora, ou, como mãe, amiga no dia-a-dia. Minha irmã, Cida, e eu, chegamos, inclusive, a vender na rua, algumas roupas que ela produzia, como camisas e roupas de criança. Outro dia me perguntaram “ e o clown, quem é?”, fiquei pensando... e, slepp!! Descobri que, provavelmente, o clown era eu mesma, hehehhe!
  A princípio, seria para crianças em idade escolar (5 a 11 anos), mas, pelo seu conteúdo e forma, é bem agradável às menores e conquista também os maiores, de qualquer idade; já tive ótimo retorno tanto dos pequenos e pequenas quanto dos outros , pois a criança interior e o lúdico trespassam nossa existência, sem fim...
      A espontaneidade da criança, aliada à importância da leitura, motivaram-me a escrever para este público. Se bem que, escrevo para dizer aquilo que me toca, me comove, mexe com a sensibilidade e reflexão, por que, não?! Acredito que a leitura é um caminho mágico e gratificante que levam às mudanças!
     Ilustrações bem legais (do Camilo Irineu Quartarollo) para serem pintadas à vontade!
       Aos professores, à família das crianças e às pessoas, em geral, está aí uma super dica: presentear com um bom livro é sempre um ato de sabedoria!
                                   Acesse o site da TV Unimep http://www.tvunimep.wordpress.com/
                                  Grata a todos vocês que estão me dando tanto impulso e carinho. A Deus pai e mãe!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

PRINCESA

               Em novembro de 1999 entra uma nova componente na família: Princesa. Fazia anos que Poliana vinha pedindo à mãe um ou uma cachorrinha. Esbarrava na aceitação ou não da avó. Dona Auda não gostava da ideia de conviver com um bicho em sua casa. E quem limparia as fezes? Levaria para passear? E os latidos então? Como impedi-los? Luzia considerou todos os argumentos e concluiu ser importante para a menina o contato com algum animalzinho, haja vista terem ficado sem os coelhos. Teria de enfrentar uma batalha com a mãe e convencê-la a aceitar tal ideia. Eis uma tarefa árdua. Luzia começou aos poucos, mês a mês falando das vantagens e da simbologia da mascote para a neta e para a família.
Conversou claramente com a filha sobre os cuidados e responsabilidades que teria com a cachorra. Não a deixaria latir muito, seria treinada a não estragar as coisas e, entrar em casa “nem pensar!”
-Nada de animais andando pela casa. Isso é falta de higiene- Pensava Luzia.- Pesquisou a melhor raça, ou seja, aquela que não soltava pelo, não fosse agressiva, tampouco de grande porte. Tinha pavor de cães grandes e bravios. Optou-se pela poodle.  -As fêmeas são mais limpas, li numa reportagem. –Explicou Luzia, com a total concordância da filha.
            -Gosto da cor caramelo, mãe. -Opinou Poliana.
            -É bonita mesmo. A cor preta também me apetece.
            - Tem um brilho lindo, só que daí não dá para ver se tem carrapato ou pulga. -Lembrou Poliana.
            -É verdade!
            Não conseguiu uma de tonalidade caramelo, veio uma branquinha que foi logo aceita, e Dona Auda, meio contrariada, algum tempo depois, também foi conquistada pela graça e doçura do bichinho.
 Nas primeiras noites de lua cheia, Luzia levantou-se inúmeras vezes para acalmar a filhote, que só fazia chorar e dava uns latidinhos ainda desafinados. Seu quarto localizava-se ao lado da cozinha, rente ao quintal. A cachorra, em sua casinha de madeira pintada por Poliana, com florzinhas vermelhas e brancas, dividia o espaço com as jabuticabeiras e flores. 
De madrugada Luzia pulava sua janela e ia ter com ela: acariciava-a, punha–a de volta na sua confortável residência e, quando ela se aquietava, Luzia podia voltar a dormir, não muito sossegada. Dali a algum tempo o choro da recém- nascida despertava-a novamente. Ralhava com ela, explicava a situação, dava bronca falando duro, dava tchau e voltava para a cama. Isso costumava dar certo: a cachorra sossegava. Agora ela era a avó da cachorra e fazia qualquer sacrifício pra cumprir o combinado com a mãe. Não queria despertar o seu leve sono. Sabia que ela sofria às vezes de insônia e que os latidos estridentes a acordariam facilmente.
 Os saltos pela janela se repetiram até que Princesa se acostumou com o ritmo da casa. Não era nenhum castelo, mas tampouco a frieza da rua. Tornaria o seu novo lar, repleto de amor e carinho por ela, vice-versa. Depois, Poliana deixava a cachorrinha dormir em seu quarto, às escondidas, fazia-a entrar pela janela.
            -Não gosto de contato com cachorros, mas também não acho certo estas pessoas que arrumam um animal e depois só judiam dele. Se o tem, devem cuidar bem, sem maltratar. Mas cadê a Princesa? -Quis saber Dona Auda.
            -Não a vi. Não está deitada na garagem? Ela gosta de ficar lá, espiando a rua pela fresta do portão.
            -Já olhei, não tá lá. Poliana, você viu a Princesa? Ela sumiu, falou à neta que chegava da escola com seu belo fichário preto e amarelo, procurando de novo sob sua cama.
            -De manhã eu a flagrei tentando subir naquela árvore que fica dentro do cercado. Parecia uma macaquinha branquela .-Explicou Poliana. - Foi até ao alto. Peguei e a pus no chão.
            -Nunca vi cachorro trepar em árvore, e ainda mais filhote, disse a avó, percorrendo os olhos pelo quintal.
            -Será que ela fugiu? Mas por onde?-Indagou Luzia. -Está tudo fechado. -Entreolharam-se e levantaram-se rapidamente. Correram pelo corredor interno e abriram a porta da sala. Lá estava ela! Deitada em frente ao portãozinho cinza da varanda à espera que alguém a pusesse para dentro.
            -Como ela veio parar aqui? Admirou-se Poliana, carinhosamente carregando-a no colo. Deu um beijo nos pelos arrepiados, finos e macios da sua cabeça dela. –Acabei de entrar e não a vi!?!   
            -Gente! Só pode ter sido pela árvore, exclamou Luzia, ainda confusa.
            -Quer dizer que ela escalou pelos galhos, chegou até o muro, caiu do lado do vizinho e...-Falou vacilante, Dona Auda.
            -Ganhou a rua na maior cara de pau, vó.
            -Não acredito! Como ela fez isso? E nem se machucou... -Disse Luzia, rindo sem parar.
            -E olha que o muro é alto!!

-Nem me fale! É verdade mesmo, mãe! Quer dizer que temos uma cachorra-macaca aqui em casa! –A avó achou muito interessante, mas teriam de evitar que isso se repetisse. -Pode se machucar se fizer de novo. Que danadinha! –Considerou.
            Numa outra ocasião o fato se repetiu. Os vizinhos haviam saído. A vó, sozinha em casa, ouviu um chorinho na calçada. Foi até lá e a Princesa estava entalada no portão. Tentou entrar mas não conseguiu passar pelas grades. Foi preciso chamar o rapaz do supermercado em frente para contorcer o corpo dela e retirá-la de lá.  –Essa cachorra só me prega peças!
Poucos meses depois ela adoeceu. Virose! Mesmo com as vacinas em dia não conseguiu escapar. Seis dias internada tomando soro. Não comia.  ‘Só um verdadeiro milagre pôde ter salvado esta cachorra!” - Disse o veterinário.
-Ufa! Que alívio! -Luzia e a família rezavam pela saúde dela.  Até Dona Auda foi visitá-la na clínica veterinária.
Agora brinca de empurrar garrafa pet e a faz subir, como uma bola. Inteligente, sensível, amável. Traz alegria e confiança.
-Mãe, desvire a orelha dela! –Pedia Poliana. Esta não podia ver a grande orelha branca que se dobrava às vezes, e, já se punha a desvirá-la. –Fica feia assim, coitada!
            Luzia punha jornal no chão da lavanderia para que a cachorra fizesse as necessidades. Todo dia era substituído por um limpo. Era nessas horas que Luzia se interessava em ler alguns assuntos destacados. Agachada, ao abrir o jornal fixava o olhar em algo que chamava atenção. Lia ali mesmo. Se fosse alguém especial recolhia-o e trocava por outro. Se tivesse fotos de jogadores famosos de futebol, de cantores ou artistas sensacionalistas, ou ainda algum político corrupto e intragável, ela fazia questão de manter esta página virada para cima. Sua Princesa saberia fazer o serviço completo.