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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Jogo das frases afirmativas e negativas



Eu sou o rádio sem som                                    Eu sou o som do rádio



Eu sou a música  sem  ritmo                              Eu sou o ritmo da música





Eu sou o teatro sem aplausos                           Eu sou o aplauso do teatro





Eu sou a terra sem chuva                                  Eu sou a chuva da terra






Eu sou  a cor da arco- íris                             Eu sou o arco-íris sem cor






Eu sou o brinquedo da criança                    Eu sou a criança sem brinquedo






Eu sou a flor sem perfume               Eu sou o perfume da flor






Eu sou o sabor do doce                                 Eu sou o doce sem sabor





Eu sou a jóia sem brilho                                  Eu sou o brilho da jóia







Eu sou o palhaço sem sorriso                         Eu sou o sorriso do palhaço






Eu sou o mar sem ondas                                Eu sou as ondas do mar







Eu sou o sol sem calor                                  Eu sou o calor do sol           




Eu sou a vida sem ar                                    Eu sou o ar da vida



Eu sou a lua sem céu                                    Eu sou o céu da lua





Eu sou a planta sem raiz                              Eu sou a raiz da planta





Eu sou a abelha sem favo                            Eu sou o favo da abelha





Eu sou o rio sem peixes                             Eu sou os peixes do rio






Eu sou a vida sem afeto                           Eu sou o afeto da vida






Eu sou a dança sem música                     Eu sou a música da dança




Eu sou  o quadro sem pintor                   Eu sou o pintor do quadro                

         Ofereço algumas sugestões de frases opostas que fazem parte de uma gostosa brincadeira entre amigos e familiares. Ainda mais neste final de ano, ou em qualquer outra ocasião, é bem legal fazer esta brincadeira e para todas as idades. Algumas pessoas me pediram, eis as frases aqui. É só imprimir ou copiar manuscrito estas frases; depois as recorta; faz-se uma roda com os participantes, em pé, entrega uma frase para cada um. Começa lendo a frase quem quiser, mas sempre quem tiver a frase na negação; a pessoa lê em voz alta, a outra pessoa que estiver com a frase afirmativa lê em seguida, completando a frase do outro, vão ao centro da roda e dão um abraço afetuoso. E assim, prossegue até que todos tenham lido. Pode-se trocar os papéis e repetir a brincadeira; também é possível inventar outras frases interessantes. Não esquecer de separar os pares de frases de acordo com a quantidade de pessoas ali presentes, antes de começar a distribuir os papéis. Já fiz isso inúmeras vezes em situações distintas e sempre foi um suces! Boa sorte e divirta-se!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pecados da carne

Lá vai mais um texto da Ivana Maria França de Negri. Uma pertinente reflexão sobre o Documentário A CARNE É FRACA. Entendo que todos nós deveríamos assistir a esse rico e abrangente material, assim como ao Doc. Terráqueos (quem quiser... eu os empresto!!)

A maneira como se criam os animais para consumo humano se equipara, ou até mesmo supera o horror do holocausto nazista. Quem assiste ao documentário “A carne é fraca”, do Instituto Nina Rosa - Projetos por amor à vida - se impressiona de tal maneira, que, se não virar vegetariano, pelo menos vai mudar alguns hábitos alimentares.
As pessoas, geralmente, não têm consciência do que colocam para o interior de seus corpos. Tudo o que comem passa a fazer parte de suas células, e de algum modo, se incorpora ao seu espírito. E nos tornamos aquilo que comemos. Quem come algo fruto de sofrimento e violência, terá de suportar o retorno, uma lei natural universal.
Desde o momento em que nasce até o dia em que será morto, o animal sofre todo o tipo de privação e crueldade. E também o meio ambiente fica seriamente comprometido.
Um dia a humanidade vai necessitar de toda a quantidade de grãos produzidos anualmente para engordar o gado. É uma questão de vida ou morte. Com o aumento desordenado da população mundial, não mais haverá espaço físico para criar gado, alimentá-lo e utilizar grandes quantidades de água - líquido raríssimo num futuro próximo.
A criação de vitelas é conhecida como um dos mais imorais e repulsivos mercados no mundo todo. Sua carne é muito apreciada por ser tenra, clara e macia. Por ser cara, provoca a ganância dos criadores. O que pouca gente sabe é que o “baby beef” vem de muito sofrimento do bezerro macho, que desde o primeiro dia de vida é afastado da mãe e trancado num compartimento sem espaço para se movimentar. Esse procedimento é para que o filhote não crie músculos e a carne se mantenha macia. Esse mercado nasceu como subproduto da indústria de laticínios que não aproveitava grande parte dos bezerros machos nascidos das vacas leiteiras.
Para produzirem o “bife de bebê”, além da imobilização total dos animais, é retirado todo o ferro da sua alimentação tornando-os anêmicos. A falta de ferro é tão sentida por eles, que nada no estábulo pode ser feito de metal ferruginoso, pois entram em desespero para lamber esse tipo de metal. Embora sejam animais com aversão natural à sujeira, a falta do mineral faz com que muitos comam seus próprios excrementos em busca de resíduos de ferro. Os produtores contornam o problema colocando os filhotes sobre um ripado de madeira, onde os dejetos caem num um piso de concreto ao qual os animais não têm acesso.
No processo de confinamento, os filhotes ficam completamente imobilizados, uma solução encontrada pelos criadores pelo fato de muitos filhotes pelo espaço reduzido que têm, se debatem criando úlceras. Ele podem apenas mexer a cabeça para comer e agachar, sem sequer conseguirem se deitar. Os bezerros são abatidos com mais ou menos 4 meses de vida - de uma vida de reclusão e sofrimento, sem nunca terem conhecido a luz do sol. Quando chega o momento do abate, estão tão fracos que vão carregados e já nem conseguem berrar ou andar. O depoimento de um magarefe é lacônico. Diz ele que procura não encarar o animal olho-no-olho e faz o “serviço” maquinalmente, pois é seu trabalho e precisa ganhar seu salário. Confessa que, se fixasse o olhar nos olhos do bezerrinho em tamanho padecimento, talvez não tivesse coragem de fazer o que faz.
Como não há no Brasil lei que proíba essa prática – como existe na Europa – o jeito é conscientizar as pessoas. Se souber o que está comendo, a sociedade que já não mais tolera violências, pode mudar alguns hábitos, não consumindo essa carne e escolhendo produtos, serviços e empresas que não tragam embutido o sofrimento de animais inocentes.
Segundo o antropólogo Lévi-Satruss, romper hábitos milenares é talvez a lição de sabedoria que um dia haveremos de aprender com as vacas loucas e as gripes aviárias.

Ivana Maria França de Negri é escritora e vegetariana

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Na Escola da Usina Costa Pinto - Infância

Certo dia, ao término das aulas, na hora do almoço, dezenas de alunos corriam afobados no calçadão das casas da colônia, próximo à escola. O que teria acontecido?
- Ai! Alguém acode a gente......
- Fuja, Elaininha! Tem um bicho quela!!
- Ana Maria! Helena! Chama sua mãe pra ajudar a gente. Ela tá com uma mangava!
-Socorroooo!!! Gritavam todos, deixando chinelos, cadernos e estojos para trás.
Durante dois dias esta cena se repetiu, mas no terceiro dia....
-Ocê pare de assustá minhas primas com esse bicho centopéia aí na sua mão, senão eu cato ocê e te dou uma surra. Oie aqui! Eu não tenho medo desse bichinho, não, viu?
Era a voz enrouquecida de Silvana, menina troncuda, pescoço e cabelos bem curtos, três vezes mais forte que Luzia, que a suspendera pelo colarinho do uniforme.
Luzia entrou em pânico ao ser contida em suas travessuras de forma tão abrupta. Meneou um sim com a cabeça.
-Ela é louca! - Gritou outra coleguinha.–Vamos embora antes que resolva catar outro gafanhoto pra joga ne nóis.
-Enganei uns bobo na casca do ovo!!! – Fala, de longe.
Luzia deu no pé. “Sou louca sim, mas de raiva da frescura e da chatice de ocêis, e não é gafanhoto, nem “trenzinho”, é só um bisorro, suas tantã”, pensou a vilã assustada. Nunca mais cogitou tais brincadeiras. Não comentou nada com ninguém em casa, porém ria sozinha lembrando-se da cara dos bocó de mola.
Às vezes, no caminho de volta para casa, juntavam-se seu vizinho Nado, Ana -a irmã dele-, outra vizinha, Ismeire e sua irmã Ivete. Inventavam de atirar pedra numa colméia, para ver se alguém bobeava e acabava sendo picado. Outras ocasiões, brigavam e ficavam de mal por alguns dias ou algumas horas. Certa feita, depois de um dia chuvoso, quando o lodo ficava acumulado nas fendas da estrada, Ismeire, a mais danadinha, jogou um pé do chinelo de Luzia no barranco de barro vermelho. A menina desceu até lá, recuperou o calçado e tendo retornado à estrada deu um tapa nas costas da “amiga”, deixando as marcas perfeitas de sua mão enlameada. Temendo revelia, Luzia disparou a correr durante mais de dez minutos, sem olhar para trás, segurando o chinelinho amarelo. Não gostava de brigas, mas a outra não tinha limites para provocação.
Enquanto corria, gritava para seu amiguinho:
- Corre, Nado! - Na esperança de que ele se safasse do revide da menina e corresse com ela. Quando olhou para trás não avistou ninguém. Correra à toa, eles não correram.

VISITAS DESEJADAS



As crianças aguardavam ansiosamente as raras visitas dos avós, tias, tios, primas e primos. Vinham à casa da irmã uma vez por ano ou a cada dois anos e o acesso a pé da Usina até o Bairro Fria era-lhes penoso. Porém as suas presenças traziam eufórica alegria a eles. Juntamente com a beleza e a educação da tia adentrava à casa um delicado aroma de perfume e pó-de-arroz que destacava a pele macia morena, os lábios sempre realçados com um batom de tonalidade marrom claro. O belo cabelo cacheado. Vestida elegantemente com traje social, calçando simples, mas finos sapatos fechados e usando meia calça quando a temperatura estava em baixa.
 -Tia, a senhora veio pra posá? – Indaga Regina, vencendo a vergonha.
 -É claro que sim! -Sorrisos alegres, mas discretos, iam deixando-se levar pelas mãos das primas da cidade. Brincar de passa anel, adivinhar mês, passa-passa bom barqueiro, as três mocinhas da Europa, morto-vivo, cirandas como “ciranda cirandinha vamos todos cirandar vamos dar a meia volta meia volta vamos dar, o anel que tu me deste era vidro e se quebrou o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou, por isso dona Soninha entre dentro desta roda, diga um verso bem bonito, diga adeus e vá embora”, “Terezinha de Jesus” ou “gato e o rato” , puxar-cabelo, pega-pega nos galhos das mangueiras.
No verão brincavam no rio. Nos lugares mais rasos era possível sentarem-se nas pedras de tamanhos e formas diversas dentro da água e até mesmo deitarem-se de costas. A água cristalina passava pelos seus corpos imersos, cabeça para fora. Pedras pontiagudas destacavam-se na superfície. Rochas escuras pareciam bichos presos no fundo do rio. Os locais mais fundos eram deixados aos maiores. “Cuidado com a correnteza lá em cima!” - Alertava a mãe. A erosão aparecia em alguns trechos, deixando à mostra o barranco avermelhado, algumas raízes salientes expostas, que adentravam as águas. Um generoso pé de pitanga carregado, à beira do riacho, desprendia as frutas na água ou eram colhidas e lançadas pelas crianças, para alegria dos peixes, lambaris e pintados, que emergiam. Alguns galhos permaneciam suspensos sobre o rio como se desejassem alcançar as águas, o que de fato alguns conseguiam. Folhagens grandes e pequenas decoravam o espaço. As arapongas com seu canto estridente, os gaviões, os anus com suas pretíssimas penas e os outros lá desciam para beber água. Uma pequena raposa passou correndo e escondeu-se. Arremessavam pedras na água para ver a ondulação e o desenho que se formavam.
-Olha! Um lavacu ali! –Tetê indicou o fino inseto que num relance batia a parte anterior na água.
                -Tem uma borboleta preta com uma mancha amarela, ali, olhem, que bitela!- mostrou Sirlene, correndo atrás dela. –Olha lá, ali, ali!!!
            -Não pegue nela, que o pozinho das asa tem veneno pros óio!! – falou Tetê, em seus cinco anos. – Ô Sirlene, ocê tá cheia de picão!  Ah ah ah !-Tetê ria da menina cuja calça estava lotada de semente preta e fina. Ajudou a retirar um a um.
            -E ocêis tão tudo com carrapicho. Pinica a mão, viu?! –Fala Luzia, levantando a barra da calça para extraí-los.
            Chegaram a casa exaustas, depois do banho no rio foram escolher o feijão na bacia, o arroz na mesa. Sirlei ficou fascinada pela destreza da tia abanando o feijão em uma grande peneira. Seus olhinhos acompanhavam o sobe e desce dos grãos, cuja palha ia caindo ao chão, permanecendo na peneira o feijão limpo, sem derrubar o feijão junto com a palha que “voava”. Tal era a agilidade do movimento que mal dava para perceber a existência dos grãos. Sua vista ficou embaçada e pediu à tia se podia fazer também. A resposta foi um não bem taxativo. Dona Auda não pretendia perder todo o feijão colhido. A menina não insistiu. Palavra de tia não se volta atrás. Se bem que as suas filhas sabiam tranquilamente peneirar os alimentos desta maneira eficiente.
            -Lavem bem as mãos com sabão, pra janta. Tem água no barde ali fora, falou Dona Auda, e disse também a Tetê:
            -Tetê, limpe este narótio, vamos?! – Gripada, o nariz da menina desprendia o catarro, enquanto o cachorrinho Lulu abanava o rabo, tentando afastar-se das moscas inoportunas. Maria as amaldiçoava:
             – Saiam de mim!!!
            De manhã, como já era costumeiro, acordaram de madrugada. Mas neste dia em especial, “quem ficar por último é mulher do padre”, um correndo mais que o outro pra chegar ao rio e lavar os olhos. Só os olhos! A água ficava gélida nesta época do ano e a ordem primordial era “Vardevino, Soninha, Sirlei e Jandira, lavem bem ozóio pra tê vista boa pro resto da vida”.
             Dona Auda foi orientando os sobrinhos na sua religiosidade e fé. Era sábado de Aleluia! E era costume lavar os olhos na água fria do rio antes de iniciar qualquer atividade neste dia. Superstição ou não, isso “garantia” uma boa saúde aos olhos das crianças, além de lhes propiciar um clima de curiosidade e magia contagiantes.
            -Mas se der dordóio é só pingar leite no olho, não é? –comentou Izolina ainda na cozinha.
            -Ah sim, é um santo remédio! -Fala Dona Auda espreguiçando-se.
            -Lave a fuça toda, Sirlei! pra se acorda! – Ana alerta a prima que, com as pontas dos dedos lavava exclusivamente o canto dos olhos, com os pés fincados no saibro do barranco, à margem do riacho.
            -Mas tá muito gelada. Ui! –explica a menina sem pestanejar. –Sua mãe falou “os zóio!” Atchim!!!
            -Saúde! -riram todos e começaram a jogar água para o alto. Correram à casa para se aquecer, brincando de pega-pega.
            -Figuinha! -Tetê cruzou os dedos da mão direita, pedindo uma pausa na corrida. Parou para apreciar um pica-pau furando o velho ipê roxo. 
            Passaram pela porta da cozinha: Sirlene sentada numa cadeirinha improvisada - Maria e Soninha com os braços entrelaçados transportavam a menina-, enquanto Regina e Sirlei faziam o mesmo com Tetê.  
                -Venham ver! Venha ver mãe! Eu estou alta! –Sirlene chama a mãe e a tia.
             -Não façam banzé! -lembra Dona Auda.
          Aparece Nardinho e convida:
            - Ô primo, venha ver o estilingue que eu tô acabando de fazê! - olha para Dona Auda e completa animado - Ô mãe, eu achei uma forquilha que dá certinho pro estilingue. - Correm ele e Vilson para a mata. Este, um jovem digno.
        - Leva eu Marciano! Espera eu que eu tamém ! – Gritavam as crianças quando sobrevoava algum avião por lá.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Identidade

De repente o retângulo ficou quadrado
e quadrada a vida é
Com pesos e medidas
 a triangular a fé!

Dou um jeito no losango
Abraço o circular.
Afasto aquele com um pontapé
e  no círculo eu ponho fé!

Quando me vejo desconhecida
de mim mesma, perdida
Reclamo da confusão
por mim estabelecida!

Com quatro cantos, quadrada
serei eu ou a vida?!
Arredondando as minhas crises
encontro uma saída
 nas minhas raízes!