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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Poema de Madalena Tricânico, extraído do Livro BRINCA, BRINCA E FAZ POESIA


                            CENA TEATRAL

        

Os três gatos no teatro

Prontinhos para

Apresentar o

Primeiro ato.

 

De repente apaga a luz.

Onde foi parar o

Gato de botas?

_ “Deixa de brincadeira,

Só tenho chuteira”.

 

Olhos brilhando no escuro

Deveriam ser apenas seis,

Mas, são dezesseis.

Acende-se a luz:

São cinco bailarinas

De olhos azuis.

 

 

 

 

sábado, 1 de junho de 2013

Entrevista minha no Programa EDUCATIVA NAS LETRAS, Rádio Educativa FM 105.9, sábado, dia 1 de junho, às 10h30 e reprise no domingo, 21h.

(...)  "Neste exato momento, aparece aquele frango de penas marrons e amarelas, o Vainão, este era seu nome porque quando a gente o chamava ele não vinha, e quando não chamava, ele vinha com cara de interrogação.

- Có có, fez Vainão. Sem entender as palavras do frango, Valentine apalpou seu papo: - tá muito cheio, mas depois da digestão você vai ser o primeiro a aprender a ler, pois barriga muito cheia dificulta um pouco. Agora venha me ajudar, Dé!

- O que eu faço? Posso ir descalço? Pergunto eu.

- Claro que pode! Óh, coloque estas vogais para os pintinhos e os gansinhos, que são mais novos e precisam de mais tempo e paciência para aprenderem.

Olhei cismado para ela, que ia, delicadamente, colocando as folhas dos livros no chão com as consoantes e as vogais, próximas aos ninhos de palha de milho espalhados pelo quintal.

- Galinhas comem quase de tudo mesmo, disse-me ela, não irão se estranhar com o gosto das folhas, em todo caso, vamos jogar um pouco de azeite nestes papéis.

Senti um pouco de ânsia só de pensar, e vi Vainão me olhando de canto, “có có” e afastou-se, deixando uma pena marrom para trás.

         Concluído este trabalho, quando eu sentia que íamos descansar, chegam meus dois novos vizinhos, curiosos e com muito gás pra ajudar, ou atrapalhar".

(Extraído do livro VALENTINE)
Este é o VAINÃO.

 

sábado, 25 de maio de 2013

Vai um poema de Ana Marly Jacobino, extraído de nosso livro Brinca, brinca e faz poesia:

                      CATARINA, A CENTOPEIA


 

Para perder a timidez

A centopeia Ana Catarina,

Resolve aprender libanês

Pois queria ser dançarina!

 

100 sapatilhas cor de rosa,

Calçam seus 100 lindos pés,

Na cabeça uma flor mimosa

Asperge o perfume dos aloés!

 

A dança favorita da Catarina

Faz vibrar cintura e o quadril

Saias bordadas cor de opalina

Sacodem num movimento febril!

 

A dança do ventre movimenta

O abdômen em 100 ondulações,

Rebola a Catarina feito polenta

Os 100 pés em loucas vibrações!

 

quinta-feira, 16 de maio de 2013




Hoje quero dar uma parada em meu ritmo acelerado, tomar um bom ar com sabor de hortelã e agradecer aos amigos que encomendaram os recentes livros. Sem vocês não há literatura que perdure, não há leitores, nem circulação das obras, tampouco incentivo às produções. Gratidão a todos vocês, os quais resolvi nomeá-los abaixo:
Adalgisa E. Sampaio
Adelaine Spinelli
Ana Lucia Fernandes
Ana Maria Luna
Ana Marly Jacobino
Andreia Pastore 
Andreia Vallate
Regina Angela  Carraro Martins
Angela Reyes
Antonia  Ap. Fernandes
Cecilia Figueiredo
Helen
Chica /Francisca Frias de
Cidinha Araujo
Cintia
Claudio Chirelli
Cleuza Izabel Sonsino
Creuza Melin
Cristiane Stoq
Daniel Valin 
Debora Correr Sabbadin
Denise Ap. M. Jacomelli
Divani Daragoni
Elizeia Monteiro da Silva
Ercilia Boaretto
Maria Eugenia Martins
Fatima
Fatima Possato
Giovani Pupin
Gisele da Silva
Janieire
Stefani da Cópias e Cia
Joana Parise
Joceli Cerqueira Lazier
Joia/Joenice
Jorge Lode 
Juliana S. Campos
Juliana Cosentino
Kalinca
Katia Satie Sasaki
Keven
Leda Coletti
Bruna Duracenko
Leila Emidio
Leonice D. Marcelino
Lourdinha, nossa amiga escritora
Luciane Santini
Luciene Vacchi
Lucrecia R. Sabbadin
Madalena Tricânico
Mara Bombo
Marcela E. Pinheiro
Marcia Greco
Marcia Stela Miguel
Maria Cristina Barsotti
Maria da Paz
Mariana Romani
Marina Boaventura
Marina Assato
Marta Leme
Michel/ Ceama
Monica Okamura 
Nasaré Bissi
Euneides
Orjana
Patricia Chaves
Paulo Oliveira
Paulo Ricardo Sgarbiero
Paulo Vasconcelos
Rafaela Menegazzo
Rainez
Reinaldo Junior
Rita
Roberta Lima  e Apeoesp
Roseli Simoes 
Sandra Pavan
Sandra Vicino
Shirley
Silvana e Sebastião
Silvia Regina de Oliveira
Silvia Vieira
Simone Cintra
Sonia Vitti Gil
Teresa Bigaram
Tetê
Maria Valéria Andrade
Vania de Paula/ Deleise
Viviane Bigaram
Viviane Olicheski Moretti
Waldeck Ribeiro Moreira
Zulmira
Dany Stocco
Alessandra Braghini
Ana Lucia Ferezin
Renata G. Baggi
Fabíola
Frank Fin
Geise Naves
Luciana Molina
Mildete Boareto
Roseli
Thiago Tomieto

    - Aos compradores de meus outros livros, que não foram citados acima, agradeço igualmente, e numa futura lista lá estarão. Abraço da autora.

            Abaixo, um excerto de meu novo livro infanto-juvenil Valentine, criando amor a terra, cujo prefácio é de Raquel Delvaje.

"Outra coisa que me esqueci de contar é a minha idade. Lá vai, hein: tenho seis anos e meio. Não vou lhe contar mais detalhes pois quero propor à você uma brincadeira; quero que  imagine como eu sou, com a sua imaginação de criança; e  imagine também como seria a Valentine e a Vânia, se um dia você se encontrar com elas... Tudo bem?

- Amadeus, você escutou algo vindo daquela lambarizinha ali?

         - Eu não! Talvez seja o Nheco que veio roçar o mato.

Nheco é um ajudante de minha família. Ele faz de tudo um pouco, cuida da horta, do pomar e da venda dos produtos na cidade. Meus pais cultivam verduras, legumes e frutas orgânicas.

 - Ô, Valentine, o que é mesmo orgânico? Perguntei enquanto eu saía da água; vi meus dedos dos pés meio amortecidos e enrugados como as patas do tatu, agachei pra ver uns caramujos no barranco.

         - Ai, Dequinha! - Dequinha é meu apelido, chamo-me Amadeus, mas lá na escola rural estou aprendendo a escrever a letra D também, D de Dequinha, além do A de Amadeus, sabe! Isso é legal, né?- E aí Valentine continuou: - Já lhe expliquei, produtos orgânicos são aqueles que ninguém coloca agrotóxico, é tudo puro.

- Nem adubo pode colocar?

- Adubo orgânico pode.

- O quê, por exemplo? Indaguei.

- Mas você pergunta, não?! Falou-me ela, coçando uma picadinha de pernilongo em sua perna.

- Eu quero saber, ué! Respondi de imediato, e quase a derrubei, pois nesta hora minha irmã saiu da água correndo e pulou as minhas costas, de brincadeira, justamente quando eu ia me levantar".

quarta-feira, 1 de maio de 2013


CONFUSÃO NAS NOTAS

            

 

O fá, irritado com a rotina,

não quis ficar no meio,

e o si já ia engrossar.

O ré afinou: - briga? nem pensar!

O mi, cheio de si, declara:

- vizinho eu tenho 2, amigos, 6!

não entro nesta parada, fico aqui de uma vez!

O sol impôs respeito

quando acordou.

O dó quis subir e descer

do grave para o agudo

do agudo para o grave,

paquerou o lá,

teve dó do si e escorregou no fá.

O fá sustenido riu

de barriga pra cima!

São as 7 notas musicais

meio destrambelhadas

nesta crise passageira.

Todas com o seu valor

voltarão à harmonia

da escala musical!
 
(Do livro Brinca, brinca e faz poesia, publicado recentemente)

domingo, 21 de abril de 2013


O ASSALTANTE DE ÓCULOS
 
 
            Quando o último paciente saiu fechando a porta, o médico olhou ao redor, por todos os lados, procurando os seus óculos. Cadê?
            À noite seria a vez dos professores de Filosofia e de História terem seus óculos desaparecidos, no mesmo bairro, além da reclamação de vários estudantes, junto à direção da escola.
            Dali a duas semanas as notícias das rádios e jornais locais enfatizavam o mesmo conteúdo: estranhamento de profissionais de áreas variadas em relação ao sumiço não de um de seus óculos, mas de todos.    Um bibliotecário confessa já ter comprado três em substituição aos que julgava ter perdido. Uma escrevente judiciária estupefata diante do furto do seu em pleno expediente. Seria coincidência? O que estaria acontecendo? 
            Numa casa de esquina, um canto harmonioso sobressaía-se: um pedreiro cantarolava o dia todo enquanto suas mãos calejadas agitavam-se com as ferramentas e materiais em construção. O eco de sua cantoria ouvia-se na rua, à distância. A casa estava semipronta e vazia de móveis, o espaço era preenchido pelo cantar suave, às vezes mais acentuado. Um casal de velhos vinha passando devagar, de mãos dadas, pareciam tranquilos. Ela com amnésia após cair no banheiro da faculdade batendo a cabeça branca no vaso sanitário. Estava bem elegante, com cabelo em coque, saia com estampa branca e preta, blusa preta, sapatos pretos e baixos, com meias de estampas brancas e pretas. Ele, vestindo calça jeans azul, camiseta verde, sapato preto, calvo. Ambos demonstravam olhar meigo e voz suave ao cumprimentarem o pedreiro que saíra à porta no momento em que passavam. O casal adorava construções. Pediram licença e entraram para ver.
– O senhor é um artista. Quanta coisa que do nada transformou! Disse o senhor.
– Obrigado, falou sorrindo meio apertado, com receio de mostrar os vácuos dos dentes.
– E que bela canção o senhor cantava, balbuciou a senhora, meu avô também era assim.
            – Era pedreiro?
            – Não. Cantor e sapateiro, respondeu ela.
            – Quando o senhor se muda pra cá? – indagou o homem idoso, rindo e olhando junto à mulher as paredes e chão inacabados, como se visitassem a um santuário.
            – Não é minha, não, senhor!  O bacana lá da cidade vem com a família logo, logo. Eu ainda não tenho a minha casa, o salário é muito baixo e tenho família – disse apertando as mãos do casal e entrando.
De fato, Américo passava por dificuldades e o filho adolescente morava com ele. O filho, viciado em crack há algum tempo, deixava o pai desesperado. Tentara quase de tudo para recuperá-lo, só lhe sobrava agora a internação e continuar frequentando o grupo de Narcóticos Anônimos, o Amor Exigente. De repente passa a mão na testa e... cadê seus óculos?
“Ah, não! Mais essa, minha nossa! De onde vou tirar dinheiro pra arranjar outro?! Bem, dá-se um jeito! E que casal simpático! Valeu o dia!” Ele soube, depois, que a costureira do bairro também perdera os seus, por várias vezes, e agora portava uma lente de contato.  
            Américo animou-se ao ver o filho diante do computador, distraindo-se. Observou dois bonequinhos na tela, o filho gritava, gesticulando:
            – É isso aí, soca ele. Cai Mané!!
            – O que é isso, filho?
            – Nada, pai. É só eu socando um idiota da minha classe.
            Américo, que não entendia nada de computador e internet, achou que o filho estivesse delirando, como lhe ocorria ultimamente, mas estranhou que ele se interessasse pelo aparelho, pois estava encostado desde que o comprara na promoção. Tudo entediava o garoto.
– E agora ainda vou ter que gastar com os óculos, ou lentes de contato, senão martelo meu dedo, que nem ontem! – Sozinho, refletia.
Lembrou-se do último delírio do filho, “pai, os dentes de alho mostravam os dentinhos semicerrados e cheios de cárie para mim, pareciam monstrinhos que me satirizavam e vinham em minha direção, todos juntos numa única cabeça de alho. Foi horrível!” Às vezes, os pesadelos não o deixavam dormir. “Pobre filho!”, pensava nos delírios do jovem, sentado na cadeira de madeira que ele mesmo fizera com a ajuda do garoto. “E aquele sonho da Guerra dos Cem anos!” Acordou assustado sem saber de que lado lutava, o inimigo tinha cortado a sua cabeça e a violência era terrível contra todos. Disse que “ainda tentou ajudar algumas mulheres e crianças a se esconderem”.
            De manhã, após relembrar os delírios do filho, Américo foi trabalhar e notou grande movimentação de pessoas na rua, todas sem óculos e revoltadas. Diziam que a mania tinha se espalhado pela cidade. Até uma mulher tentou roubar um beijo e foi esbofeteada.  Américo gelou. “Seria o seu filho, o ladrão? Teria feito isso para conseguir dinheiro? Não pode ser! Talvez seja algum psico... psicopata; teria raiva de óculos? O pai do ladrão seria um torturador, sempre com óculos? Ganharia dinheiro com isso? Seria algum desempregado há longo tempo? Sofrera abuso na infância, ou como dizem por aí, bule... bullying...” – Américo conjeturava.
            Manchetes do dia seguinte: Pegaram o ladrão doido, que de doido nada tinha. Morava com os pais. Tinha uma vida aparentemente normal. Era apenas o vendedor contratado de uma empresa de lentes de contato entrando na concorrência de mercado, agora com mais ênfase.