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quarta-feira, 9 de maio de 2012

 Em dois contos, o universo feminino é revisto por outros ângulos, aos quais costumamos esconder; a experiência da alteridade, de uma visão não mais etnocêntrica; a solidão, a busca, encontros e desencontros, a indiferença ou o fazer diferente; as durezas e cascas da sociedade; a professora; as crenças e a fé; o limiar da loucura... “nessas condições, somente os loucos podem realizar proezas impossíveis aos normais”.   A sensibilidade, a poesia, a metáfora encontram lugar em meus contos.  Navego em mares ocultos, pairo na sexualidade recôndita, nas releituras de estereótipos, na criatividade, nas resistências, naquilo que a sociedade e a cultura podem paralisar ou avançar. Nem sempre há vítimas ou algozes, porém, a vida e a morte pulsam em cada um de nós, independente do gênero.

 “Em A Colecionadora de Ovos sentimos o cheiro da casa e do banho da velha Mariana, a rigidez das rugas e do passar dos anos”, como bem observou Marina Henrique no prefácio. Trabalhei o processo de individuação - uma referência Junguiana – ao explorar a imagem do ovo, mas também procurei fazer uma homenagem à memória de meu padrasto João Marçal, de Itamonte, MG, figura importante em nossa vida, e àquela comunidade rural, todos com grau de parentesco entre si. Este foi o primeiro conto que escrevi, antes mesmo do romance autobiográfico A Menina do Bairro Fria; foi o passaporte para as minhas experiências literárias. Escrevi-o em 2008. Foi premiado no II Prêmio Araucária de Literatura 2010 e Menção Honrosa no Mapa Cultural Paulista 2011, fase regional.

Foto de A Tribuna Piracicabana
No conto Torradas Não se Despedaçam, que foi premiado no 2º Concurso Literário Nacional Prêmio Buriti Cronicontos 2011 (antologia) temos a “hetero e homossexualidade”, vividas em sintonia com a essência de cada um, sua singularidade, como seres únicos que somos nós. Este foi meu segundo conto, escrito em 2010.

A partir de Torradas e de Como folha de coqueiro a despencar levei alguns meses para produzir os outros contos. Parte de minha inspiração para os contos veio da Lygia Fagundes Telles, pois aprecio seu jeito de escrever e suas ideias. Li, há dois anos, seu romance Ciranda de Pedra e acabo de ler As Meninas, este último é forte e, embora escrito em 1973 onde situa a mulher na sociedade e na família, é bem semelhante aos dias de hoje.  Para mim, a arte e a literatura só tem sentido se vinculadas à transformação, à consciência, à vida propulsora.

Escrevo para manter minha lucidez. Uma, entre muitas possibilidades, de manifestar meus pensamentos, minhas dúvidas e anseios perante a vida. O que está próximo e distante, a memória e a história da sociedade humana. Compartilhar e buscar repostas e saídas para a doença que atinge a todos, que é a hipocrisia.

 “Rimos de corar a face em Dureza”, escreve Marina. Algo semelhante acontece em Maria das Grossas e ambos são contos corajosos e ousados, eu acrescentaria. Nestes dois contos há uma oportunidade de revermos o lugar da mulher na sociedade atual, afinal, salvo algum engano meu, estamos bem aquém do esperado, somos instrumento de riso fácil e fútil nos programas e espaços de humor; e se antes (nossas avós) se permitia que o homem/marido fosse ao bordel “acalmar seus desejos” (afinal, só ele tinha desejos, e por sinal, “incontroláveis”, dizia-se), hoje ele tem isso dentro de sua casa, por meio da mídia, junto a sua família. Salvo exceções, ainda cabe à mulher a lida da casa e a lida fora da casa - a famosa tripla jornada de trabalho, tão ao gosto masculino, que se vê descompromissado das questões cotidianas, talvez as mais importantes à estruturação de um lar. Vejo então, um processo rápido de escravização do gênero feminino, por meio da moda imposta, dos tabus, das crenças e valores disseminados culturalmente, de geração a geração, inclusive na própria mulher (não a excluirei desta responsabilidade).
Artigo extraído do JP.






 O livro está sendo vendido diretamente no site da Editora Patuá, de São Paulo 





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Meu blog: literarteLuziaStocco.blogspot.com

Agradeço, de todo coração, às pessoas que já compraram o livro e às que estão nos apoiando com a divulgação.


Um comentário:

  1. hum...outro livro para entrevistar....o que achas?aceitas?
    Amiga,trouxe um selinho comemorativo ao 2º aniversário do Chá da tarde,
    http://i701.photobucket.com/albums/ww15/M-amles/anigifchzinho.gif
    Linda semana,beijos de luz.

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