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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pecados da carne

Lá vai mais um texto da Ivana Maria França de Negri. Uma pertinente reflexão sobre o Documentário A CARNE É FRACA. Entendo que todos nós deveríamos assistir a esse rico e abrangente material, assim como ao Doc. Terráqueos (quem quiser... eu os empresto!!)

A maneira como se criam os animais para consumo humano se equipara, ou até mesmo supera o horror do holocausto nazista. Quem assiste ao documentário “A carne é fraca”, do Instituto Nina Rosa - Projetos por amor à vida - se impressiona de tal maneira, que, se não virar vegetariano, pelo menos vai mudar alguns hábitos alimentares.
As pessoas, geralmente, não têm consciência do que colocam para o interior de seus corpos. Tudo o que comem passa a fazer parte de suas células, e de algum modo, se incorpora ao seu espírito. E nos tornamos aquilo que comemos. Quem come algo fruto de sofrimento e violência, terá de suportar o retorno, uma lei natural universal.
Desde o momento em que nasce até o dia em que será morto, o animal sofre todo o tipo de privação e crueldade. E também o meio ambiente fica seriamente comprometido.
Um dia a humanidade vai necessitar de toda a quantidade de grãos produzidos anualmente para engordar o gado. É uma questão de vida ou morte. Com o aumento desordenado da população mundial, não mais haverá espaço físico para criar gado, alimentá-lo e utilizar grandes quantidades de água - líquido raríssimo num futuro próximo.
A criação de vitelas é conhecida como um dos mais imorais e repulsivos mercados no mundo todo. Sua carne é muito apreciada por ser tenra, clara e macia. Por ser cara, provoca a ganância dos criadores. O que pouca gente sabe é que o “baby beef” vem de muito sofrimento do bezerro macho, que desde o primeiro dia de vida é afastado da mãe e trancado num compartimento sem espaço para se movimentar. Esse procedimento é para que o filhote não crie músculos e a carne se mantenha macia. Esse mercado nasceu como subproduto da indústria de laticínios que não aproveitava grande parte dos bezerros machos nascidos das vacas leiteiras.
Para produzirem o “bife de bebê”, além da imobilização total dos animais, é retirado todo o ferro da sua alimentação tornando-os anêmicos. A falta de ferro é tão sentida por eles, que nada no estábulo pode ser feito de metal ferruginoso, pois entram em desespero para lamber esse tipo de metal. Embora sejam animais com aversão natural à sujeira, a falta do mineral faz com que muitos comam seus próprios excrementos em busca de resíduos de ferro. Os produtores contornam o problema colocando os filhotes sobre um ripado de madeira, onde os dejetos caem num um piso de concreto ao qual os animais não têm acesso.
No processo de confinamento, os filhotes ficam completamente imobilizados, uma solução encontrada pelos criadores pelo fato de muitos filhotes pelo espaço reduzido que têm, se debatem criando úlceras. Ele podem apenas mexer a cabeça para comer e agachar, sem sequer conseguirem se deitar. Os bezerros são abatidos com mais ou menos 4 meses de vida - de uma vida de reclusão e sofrimento, sem nunca terem conhecido a luz do sol. Quando chega o momento do abate, estão tão fracos que vão carregados e já nem conseguem berrar ou andar. O depoimento de um magarefe é lacônico. Diz ele que procura não encarar o animal olho-no-olho e faz o “serviço” maquinalmente, pois é seu trabalho e precisa ganhar seu salário. Confessa que, se fixasse o olhar nos olhos do bezerrinho em tamanho padecimento, talvez não tivesse coragem de fazer o que faz.
Como não há no Brasil lei que proíba essa prática – como existe na Europa – o jeito é conscientizar as pessoas. Se souber o que está comendo, a sociedade que já não mais tolera violências, pode mudar alguns hábitos, não consumindo essa carne e escolhendo produtos, serviços e empresas que não tragam embutido o sofrimento de animais inocentes.
Segundo o antropólogo Lévi-Satruss, romper hábitos milenares é talvez a lição de sabedoria que um dia haveremos de aprender com as vacas loucas e as gripes aviárias.

Ivana Maria França de Negri é escritora e vegetariana

2 comentários:

  1. Obrigada amiga Luzia, por divulgar o vegetarianismo como opção de vida.

    beijo enorme e Feliz Natal!!! (com ceia vegetariana é claro!)

    Ivana

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  2. querida amiga!!! passando aqui e desejar para você e os seus o melhor Natal o melhor Ano, o melhor de tudo. E que para o próximo ano continuemos juntas, unindo forças para um "mundo melhor".
    FELIZ NATAL...FELIZ ANO NOVO DA PAZ.
    beijos
    Mara Bombo

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