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segunda-feira, 15 de julho de 2013


Domingo, dia 30 de junho, no Teatro Unimep Piracicaba, houve o lançamento do livro “Andaime, um jeito de ser”, escrito por Alexandre Mate, sobre os 25 anos de história do Grupo Andaime de Teatro Unimep, do qual fiz parte por mais de 10 anos. Abaixo, um excerto do livro, uma cena do espetáculo Nonoberto Nonemorto, dramaturgia de Luis Alberto Abreu e direção Francisco Medeiros. Aproveito para agradecer aos atores e atrizes, cenógrafos, diretores e dramaturgos com os quais convivi e muito aprendi, minha outra família. Também àqueles que nos acompanharam em toda nossa trajetória, assistindo às peças, comentando.

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Cena 3, “La nonna”, mostra, de modo próximo ao cômico - o texto tem estrutura épica -, os devaneios de Nonoberto, onde tudo acontece e passa a ser possível por um trabalho de rememoração, mesmo confuso, mesmo não acontecido.
(...)

Nonoberto  - É Cortezano, então? Que faz? Você existe, mesmo? Que faz aí, no Tirol?

Homem (ri) – Que Tirol, nonno! Sou daqui mesmo, de Santanolímpia, nonno. Está viajando longe,  nas ideias, de novo,  hein?

Nonoberto (irritado) – Que “viajando?” Ma, some, laicon!

Homem –Não gosto que me chame de laicon.

Nonoberto (como criança) – Laicon, laicon, laicon, laicon!

Homem (paciente)- Quer que lhe leve para casa?

Nonoberto – Non precisa. Sei muito bem onde está minha casa! (para si) Só não sei como chego até lá.

Homem – Addio (...) Assim era Nonoberto, um velho já beirando os noventa anos, cheio de vida, mas quase vazio de cabeça, com muitas lembranças, mas todas meio disparatadas pela falta de controle da razão.  Um cérebro com teia de aranha, quase todo coberto pela poeira do tempo. (Nonoberto envia ao Homem um olhar irritado). Um cômico sem intenção, um homem que perdia a consciência do mundo. E o vinho ajudava bastante.

Nonoberto (...) Às vezes, via seres esquisitos, meio gente, meio animal, figuras estranhas, incoerentes, vindas sei lá de que mundo, (aponta para Nonna, que entra. É muito velha, curvada e carrega uma lamparina acesa) Ah, Dio mio! aquela, por exemplo. Parece uma coisa, uma figura saída de um pesadelo, uma alma condenada, um morador das profundezas do inferno de Dante! Vai embora! Volta pro inferno com os demônios e deixa a minha alma!

Nonna – Fecha a boca, velho doido! Sou eu!

Nonoberto  - Nonna? É? E esta vela? Parece alma do outro mundo!

Um comentário:

  1. A dedicação desses atores para o engrandecimento da nossa cultura é algo que merece todo nosso respeito e incentivo.
    Abraços,
    Célia.

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