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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Na Escola da Usina Costa Pinto - Infância

Certo dia, ao término das aulas, na hora do almoço, dezenas de alunos corriam afobados no calçadão das casas da colônia, próximo à escola. O que teria acontecido?
- Ai! Alguém acode a gente......
- Fuja, Elaininha! Tem um bicho quela!!
- Ana Maria! Helena! Chama sua mãe pra ajudar a gente. Ela tá com uma mangava!
-Socorroooo!!! Gritavam todos, deixando chinelos, cadernos e estojos para trás.
Durante dois dias esta cena se repetiu, mas no terceiro dia....
-Ocê pare de assustá minhas primas com esse bicho centopéia aí na sua mão, senão eu cato ocê e te dou uma surra. Oie aqui! Eu não tenho medo desse bichinho, não, viu?
Era a voz enrouquecida de Silvana, menina troncuda, pescoço e cabelos bem curtos, três vezes mais forte que Luzia, que a suspendera pelo colarinho do uniforme.
Luzia entrou em pânico ao ser contida em suas travessuras de forma tão abrupta. Meneou um sim com a cabeça.
-Ela é louca! - Gritou outra coleguinha.–Vamos embora antes que resolva catar outro gafanhoto pra joga ne nóis.
-Enganei uns bobo na casca do ovo!!! – Fala, de longe.
Luzia deu no pé. “Sou louca sim, mas de raiva da frescura e da chatice de ocêis, e não é gafanhoto, nem “trenzinho”, é só um bisorro, suas tantã”, pensou a vilã assustada. Nunca mais cogitou tais brincadeiras. Não comentou nada com ninguém em casa, porém ria sozinha lembrando-se da cara dos bocó de mola.
Às vezes, no caminho de volta para casa, juntavam-se seu vizinho Nado, Ana -a irmã dele-, outra vizinha, Ismeire e sua irmã Ivete. Inventavam de atirar pedra numa colméia, para ver se alguém bobeava e acabava sendo picado. Outras ocasiões, brigavam e ficavam de mal por alguns dias ou algumas horas. Certa feita, depois de um dia chuvoso, quando o lodo ficava acumulado nas fendas da estrada, Ismeire, a mais danadinha, jogou um pé do chinelo de Luzia no barranco de barro vermelho. A menina desceu até lá, recuperou o calçado e tendo retornado à estrada deu um tapa nas costas da “amiga”, deixando as marcas perfeitas de sua mão enlameada. Temendo revelia, Luzia disparou a correr durante mais de dez minutos, sem olhar para trás, segurando o chinelinho amarelo. Não gostava de brigas, mas a outra não tinha limites para provocação.
Enquanto corria, gritava para seu amiguinho:
- Corre, Nado! - Na esperança de que ele se safasse do revide da menina e corresse com ela. Quando olhou para trás não avistou ninguém. Correra à toa, eles não correram.

2 comentários:

  1. kkkk, adorei!!!
    É tão relembrar... a vida é mesmo um filme não é?!
    Beijos e boa semana!!

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  2. Adorei! Sempre que puder estarei aqui acompanhando.

    beijos

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