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segunda-feira, 23 de maio de 2011

SÃO PEDRO EM TEMPOS DE APAGÃO - SALVEM OS VAGA-LUMES

             Esquete Teatral elaborada pelo aluno Gledson Fernando Ferreira da Rocha, em parceria comigo, encenada há 10 anos, na Escola Estadual Dr Jorge Coury. Muito nos alegrou o empenho destes alunos, aos quais, presto minha homenagem ao relembrar de tamanha façanha, em que atuei na direção, juntamente com Felipe Menezes. Difícil tem sido, cada vez mais, organizar um grupo de teatro escolar. Deixo um forte abraço ao Gledson, grande garoto, não o vejo há um bom tempo. Alguns desses alunos fazem teatro atualmente em São Paulo. A elas e eles, muito obrigada!

 
Um casal de pescadores está pescando quando aparece São Pedro carregando um grande molho com grandes chaves, descera a Terra para verificar esta história de  racionamento, e para para conversar com o pescador.
São Pedro- Olá, tudo bom?
Homem- Boa tarde, tudo bem...
S P – Você já ouviu falar de racionamento?
Homem- Ah, sim. O relacionamento com a muié aqui vai bem.
SP- Não... eu estou  falando de racionamento!!
Homem- Como assim?
SP- O apagão, rapaz, todos já estão sabendo.
Homem-Como todo mundo, eu não .
SP- Então vou lhe explicar...
H – Ei, espera um momento, minha muié vai gostá dessa história, por que toda noite antes de deitá, ela me pede: «amor, apaga a luz»?.
Mulher- Amor, ce ta´ contando  da nossa vida pra ele?Quem é ele?
H- Não, muié, não é nada disso, ele ta falando de emergia elétrica.
M- Home, vem cá , ocê num sabe que nóis usa é lampião, e, ferro a carvão?
H- Hui, é memo, discurpe seu moço, mai nói ta´  ino...
SP- Olhem, vai faltar água e peixe logo, logo, aproveitem...
M – Farta não, moço. ( saem)
SP- É, já vi que aqui não deu nada... vou partir para outro lugar. ( SP  encontra com um ladrão vestido de terno e gravata e gorrinho, sujo, fumando...)
SP – Ei você, como vai?
Ladrão- Que é que tu qué, cara? Vai me prendê?
SP – ( imitando-o) “péra aí mano”, eu só quero  conversar.
L- Então fala logo!
SP- Por acaso o “sangue bom” aqui já ouviu falar de apagão?
L- É claro mano, já apaguei vários ... qué morrê?
(SP levanta o braço, faz um sinal , e o ladrão se põe a correr).
SP- Hoje em dia ta difícil conversar com alguém.
(SP encontra com Elvis Presley, com uma guitarrinha...)
Elvis- São Pedro, me ajude, estou sem energia!
SP- O que você quer que eu faça?
Elvis- Não sei, mas é ruim ficar sem energia.
SP – Ah! Mas se está sem energia, então tome um Redbull.
Elvis- Mas isso funciona?
SP – Eu que vou saber? mandando você tomar, ara!
Elvis- Obrigado, o senhor foi muito gentil.  (SP sai; Elvis dança e canta).
Elvis- Andaram gastando demais/ nada de investimento/ a população aumentou/ aí veio o racionamento/ privatizaram o Brasil/ foi coisa pra inglês vê/ não houve melhoria! quem se ferrou foi você...( Elvis sai. Entra São Pedro  e encontra um casal lavando a calçada com mangueira- ela com a  mangueira, ele com a vassoura. Entra o filho- moleque de 8 anos- correndo com um balde na mão, puxa a mangueira da mãe.)
Moleque- Parem, parem! Eu vi na televisão da escola que não é mais pra usar mangueira...
Mãe - Ah?! Deixa disso menino!
Pai- Para filho!
Filho - É, a minha turminha vai fazer uma passeata contra o uso das mangueiras e dos chuveiros...( o garoto corre puxando a mangueira).
Pai - Hi, lá vem mais desempregados na indústria de  mangueiras...(saem)
(Entram 3 jornalistas- 2 mulheres e 1 homem, e uma câmera mulher tentando cobrir os 3 repórteres).
Repórter 1 – Esta é uma edição a menos, direto do Jornal Apagado.
Rep.2- O animal homem não tem conseguido cuidar muito bem da outra espécie animal e as consequências, vejam vocês, são recíprocas e irreversíveis: Olhem, olhem este jovem, por exemplo: ele bebeu todo o leite da vaca louca e ficou assim destrambelhado (entra um contra – regra, trazendo o jovem com chilique, e saem em seguida).
Rep. 3- (entrevista alguém da plateia)- Quantas vezes por dia você lava a calçada? (tira o microfone sem dar tempo pra pessoa responder).
Rep 1- Daqui a 2 anos, quantos banhos você conseguirá tomar  em um mês?
Rep.3- Três?
Rep. 2- Você lava muito as mãos quando sai do banheiro?
Rep. 3- Só quando defeca? Ah bom!
Rep 1- O que você pensa a respeito da utilização alternativa dos faróis dos vaga-lumes?Isso causaria alguma extinção?
Rep.3 - E a senhora?Tem cuidado bem da sua   “mata ciliar”?
Rep. 2- E o seu meio, o seu ambiente, está tudo ok? Ou continua varrendo as garrafas de  REFRIGERANTE  nas bocas de lobo? No BUEIRO?
Rep. 1- (interroga o câmera) - Por que o seu parceiro não veio hoje?
Câmera- Ordens superiores, para cortar gastos com energia...
Rep. 3- Por que você usa óculos?
Rep. 2- O desmatamento está catastrófico ... os rios perderam seus cílios; a poluição aumenta a cada dia...
Rep. 1- Nossa saúde está ferida...nosso planeta está doente.
Rep.3- O que podemos fazer?
Ator da plateia- Educar as criancinhas! (saem os repórteres)
(São Pedro entra contando suas chaves e tromba com Charles Chaplin (Carlitos), todo confuso e nervoso).
Carlitos- Me dê essas chaves aí; eu vou abrir todas as torneiras, todos os cadeados, tudo, tudo...Liberdade de consumo, abaixo a ditadura, liberdade!
São Pedro- Mas pra que tudo isso Carlitos?...
Carlitos- Estou indignado! Quando eu era vivo me obrigavam a trabalhar como um cavalo, fazendo peças e mais peças... Eu e meus companheiros nos tornamos máquinas! Era o progresso, a modernidade, a evolução! E agora tudo o que passamos foi em vão? não se pode mais usar essas porcariadas que construímos. Botarei tudo para funcionar, tudo...( agarra uma chave  e tenta abrir/simular).
S P.- Calma homem de Deus, Você está confuso e debilitado! O que fizeram com você?
Carlitos- Me dê estas chaves seu esquisitão ! Eu voltei para uma revanche com estes capitalistas selvagens...!
S P. Lembre-se Carlitos : “não sois ´maquinas, homens é que sois”  E quer saber mais? Fiz igual você fazia com as máquinas! Tranquei todas as nuvens desta planeta, e, aqui não cai mais uma sequer gota d’água até que o bicho homem tome jeito (Carlitos sai levando uma ou algumas chaves e gesticulando...) ( entra Lampião, o cangaceiro, de armas na mão, falando com a platéia e nem nota São  Pedro).
Lampião- Ai meu santo santinho Pade Ciço, se me apagarem  a minha luz eu capo um, se não for dois.  (Vê São Pedro e se assusta).
Lampião- Não vem não, que eu num falo com mensageiro. (Não dá tempo para São Pedro responder e sai esbravejando) .* –Nossa Senhora , me iluminai...
Nossa Senhora - Chi, meu filho, falta luz, falta tudo; até lá no céu o home qué que nóis economize. Veja só, mandô nóis apagá inté as estrela. Tamo assim, veja! (blackout na plateia). Viu? É, a coisa ta feia, em cima e embaixo.
São Pedro- Acho que quem está perdido agora sou eu. Ué! E o que faz Zumbi aqui, nesta época?
(Entra Zumbi carregado por 4 pessoas, de “cadeirinha”, cantando)
Zumbi - “se você pensa que Carioba  é boa, carioba não e´ boa não ...Carioba mata os peixinho, e prejudica a população. (Ele desce, pratica um  movimento de capoeira enquanto os outros continuam batucando esta música).
Zumbi olha para São Pedro que observara de longe:
Zumbi- Eu fui conversar com o Fernando Bico Melloso e ele me pediu pra alertar o povo dos problemas que podem causar à Piracicaba se esse negócio for construído!E foi o que eu fiz:veja...
São Pedro- Até que enfim... acho que me encontrei!Continue...
Zumbi- Atenção! Esta carta não fui eu quem escrevi. Foi um cidadão piracicabano, que vê as lágrimas escorrendo em seu rosto. Que vê pais e mães falando aos seus filhos que há muitos anos atrás Piracicaba tinha um grande rio, tão famoso, tão formoso, que carregava o nome da cidade com ele. Que carregava muitas águas, muitas lágrimas. Olha lá...
(Entra John Lennon, seguido de várias pessoas com cartazes virados com frases tolas, e seus olhos estarão vedados por um pano).
John Lennon- Mas hoje, meus amigos, é hora de se juntar, de salvar o rio, cantado em versos, cantado em músicas...e de nos salvar. É hora de olhar ao nosso redor, de  desvendar os olhos e perceber as miudezas da vida. (O ator pode cantar estrofes,,,).
( São Pedro os abraça, se  junta a eles; Zumbi, John Lennon e São Pedro vão tirando as vendas dos olhos do povo, que vão virando seus cartazes para o lado certo, com dizeres interessantes e se espalhando pela plateia . Cada ator personagem falará uma frase da música do Craveiro e Cravinho).



Música “O grito do Rio Piracicaba”

“Eu sou o rio Piracicaba tão famoso
Da cachoeira, o sereno e o farjão
Dei muito peixe e matei muita sede
Eu sou o rio que tem muita história e tradição
As minhas águas que são puras e cristalinas
Deram momentos de prazer e alegria
Nas minhas margens, onde tudo era beleza
já construíram não sei quantas moradias...
Eu sou o rio criado pela natureza
e peço a meu povo um pouco de proteção
Esse lamento é meu grito de socorro
a sua ajuda será a minha salvação ...
Estou cansado de arrastar tanta sujeira
não sei por que sou maltratado assim
Pois quem me olha fica tão indignado
vendo que aos poucos estou chegando ao fim.
Antigamente o pescador olhava  para a lua
refletindo em minhas águas seu clarão
Cuide de mim como se fosse uma criança
serei o rio  da futura geração.
Eu sou o rio criado pala natureza
e peço a meu povo um pouco de proteção
Esse lamento é meu grito de socorro
A sua ajuda será a minha salvação...
                                                         

PERSONAGENS:

-São Pedro- Erik Tranquilim
-Homem  Pescador- Suni
-Mulher Pescadora- Rafaela Arthuzzo
-Ladrão- Diego
-Elvis não morreu- Tiago
-Mãe- Lucélia
-Pai- ..........
-Filha- Vivian
-Repórter 1- Baábila
-Repórter2- Thaís Dias
-Repórter3- Tatiane Tozzi
-Repórter4- Roselaine
-Câmera- Ednéia
-Chaplin/Carlitos- Danilo
-Lampião- Julio
-Zumbi- Gledson
-John Lennon- Luciane Santini
-Louco- Ana Lúcia
-Nossa Senhora Aparecida- Amanda
- Os 2 Anjos- Reinaldo e Mateus
- Tocadores e capoeiristas- Alguns alunos (ver)

                 


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